Por estes dias festeja-se o nascimento de um homem.
Por estes dias festeja-se o nascimento de um homem por quem se matou e se morreu. Por estes dias festeja-se o nascimento de um homem que deixou de ser vulgar para ser filho de Deus e de virgem e visionário ou revolucionário ou milagroso ou charlatão ou inspirado ou inspirador ou causa ou efeito.
Por estes dias sentimos a pressão da felicidade, a obrigação da caridade, o peso da solidão, a angustia da carência. Por estes dias fala-se de hipocrisia e de consumismo e de valores e de família e de tradição e de sagrado e de profano e de crianças e de velhos e de abundância e de fome e de certeza e de receio e de conforto e desassossego.
Por estes dias há luzes brilhantes e fitas e papel colorido e chamas a tremer em velas vermelhas. Por estes dias há lágrimas e lamentos secos e chamas apagadas em restos de vidas. Por estes dias há música e alegria e canção cantada do fundo do peito. Por estes dias há ruídos incómodos e a rouquidão de vozes que não gostamos de ouvir.
Por estes dias nos lembramos, por estes dias nos esquecemos. Por estes dias assinalamos dias que já foram melhores ou dias que já foram piores, recordamos ausências e lastimamos presenças. Por estes dias se morre e se nasce como nasceu e morreu um dia um homem. Por estes dias …
Evitaram-se no passado por vergonha, ambos eram similares e a vida proporcionou reencontros interessantes e coincidentes de tempos em tempos. Agora passados 19 anos o que tinham em comum era mais que evidente, eram gemeos eram uma obra eram um todo que se completavam e contemplavam mutuamente.
Encontraram-se às 19 horas naquele dia e não foi por acaso, foi planeado. Precisavam de falar tanto que o tempo parecia querer parar, para eles poderem falar à vontade.
Mas só o toque,entre mãos : Aumentou o silêncio.
Nevava e não havia gente nenhuma ao redor, ele olhava -a e ela olhava-o , liam os pensamentos(ou pensavam que liam) um do outro e vice versa, ela deixou cair o olhar ele tentou entender o abismo, antes de formular questões idiotas banais costumeiras, não queria parecer vazio, porque não é assim que se sente quando está ao pé dela .
19:19 O tempo teimava em parar, e nem ela nem ele paravam de sonhar fantasiar , apreciar aquele momento tão raro e esperado, um momento perfeito para não ser estragado.
A neve completou este quadro e convidou ao beijo.
Olho pela janela e noto que não há outra luz além daquela que vem da Lua e dos reflexos da humidade que já cobre os telhados. Das sombras emerge um gato de cor indistinta, talvez pardo ou mesmo negro de olhos amarelos esverdeados e que avança pelos beirais com segurança e indiferença. Sinto que me olha com aqueles olhos de gato e incomodam-me os olhos dos gatos com o seu vidrado colorido centrado por uma oval negra.
Os olhos dos gatos são como os das serpentes, cheios de significado e vazios de emoção, quando me olham sei que não se limitam a ver o que mostro, mas conseguem ver-me a alma. Aquele gato, está ali parado a julgar os meus pecados e o pior é que lhe são indiferentes, como se todo o negrume da minha alma nada significasse na imensidão da noite.
Ouço um ruído no beco abaixo e o gato também o ouviu porque desviou os olhos da minha alma. Tento perceber o que causou o ruído no meio de caixas e de lixo e de restos abandonados de coisas que um dia foram importantes para alguém. O gato desce num salto do telhado para a ombreira de uma janela e de outro salto para outra janela e ainda outra para uma varanda e já quase ao nível do solo assume a pose do caçador.
Noto que se foca num caixote de ripas velhas repleto de garrafas vazias ou cheias de restos de líquidos e água da chuva. Um novo ruído e o gato salta para a frente do caixote, de unhas de fora aterra com as quatro patas em simultâneo no chão e enfia o focinho por baixo e vejo e ouço a aflição de algo pequeno e cinzento que tenta desesperadamente meter-se mais fundo na procura de um refugio. Tudo é tão rápido que nem consigo perceber o que está acontecer, ouço um raspar e um miado e um guincho que se extingue e vejo os olhos do gato amarelos esverdeados com a sua oval negra que me olham com a vitima imóvel pendurada na boca, olhos de serpente em corpo de felino que me fazem sentir que sempre serei mais presa que predador…
Não sei porque me sinto
Ainda estou molhada, ainda estou pronta pra boca dele - ainda tenho fome.
Esse lobo deitado em mim, esse poço de carinho, afeto, palavras e fome - que me olha o tempo todo com se tivesse medo que eu desaparecesse, esse cara me completa e eu não quero ser completa.
Eu quero a ausência dele, do cheiro, do olhar, da força dele me pegando. Eu quero me olhar no espelho e não ver ele.
Porque é por isso que ele me ama e sempre volta: porque eu não preciso dele. Dorme, meu lobo.
Tirou os sapatos e entrou, já bastava a eventualidade de ser apanhada ali pela avó, se para cúmulo ela a encontrasse com os sapatos calçados, bem…. Nem queria pensar! Encostou as portas sem as fechar completamente e deixou-se ficar ali, imersa na semi-obscuridade e em todos os odores que a rodeavam.
Entreteve-se a identificar os cheiros, o mais forte e pungente, naftalina claro… toda a casa estava impregnada pelo cheiro. Ficava sempre com a sensação, de cada vez que lá ia, que o cheiro a naftalina se lhe colava à pele e demorava vários dias e imensos banhos até se sentir livre do odor. A mãe dizia que tinha tudo a ver com o processo olfactivo, um cheiro assim tão intenso deixava uma marca fortíssima no hipotálamo, o que nos dava a sensação de continuar a sentir determinado cheiro muito tempo depois de este já se ter dissipado.
No entanto, apesar da presença fortíssima desse cheiro, conseguia sentir outros: lavanda, rosmaninho, hortelã, alecrim, canela. Identificava-os facilmente, tinha passado as férias da Páscoa em casa da avó, e entreteve-se durante as tardes a colher as plantas do jardim, supervisionada pela avó, que lhe ia dizendo o nome de cada uma. Para depois fazerem raminhos que secavam ao sol e usavam para perfumar as gavetas e arcas onde a avó guardava cuidadosamente aquilo que chamava as suas limpezas. Peças de linho imaculadamente brancas e ricamente bordadas que estavam já destinadas a fazerem parte dos enxovais dos netos.
Misturado com todos os outros cheiros e de tal forma indelével que se não estivesse absolutamente concentrada não o teria sentido, um outro cheiro, que não conseguiu identificar mas que associou ao cheiro do cachimbo do pai.
Tabaco, aqui? Estranho…..
Começou a remover cuidadosamente as peças de linho, tentando encontrar a fonte do odor. Os dedos tocaram em algo que lhe pareceu uma caixa de madeira. Pegou-lhe e colocou-a perto da porta por onde entrava uma réstia de luz. Estava curiosa, o cheiro vinha sem dúvida dali, e era agora mais forte. O que levaria a avó a esconder uma caixa de tabaco no meio das roupas, num armário habitualmente fechado à chave. A ideia da avó a fumar um cachimbo às escondidas, provocou-lhe um ataque de riso que tratou de sufocar com ambas as mãos, para que não se denunciasse.
A caixa felizmente não estava fechada à chave, e se em alguma altura serviu para guardar tabaco, não era esse o seu conteúdo agora. Cartas, várias, num papel fino, com a escrita já bastante desbotada mas ainda perceptível.
Curiosa como era, nem tentou resistir e começou a ler uma delas, estava datada de 1917, e começava com um “Meu Amor”. Supôs imediatamente que fossem cartas do avô para a avó, e achou extremamente romântico. Mas pensando melhor, isso não fazia sentido, desde que se conheceram, os dois nunca estiveram separados um único dia, até ao dia em que Deus o levou, como dizia a avó com ternura e sempre com as lágrimas nos olhos. Para além disso, tanto quanto sabia, o avô nunca aprendera a escrever, sendo o filho mais velho e tendo começado a trabalhar logo que tinha força suficiente para segurar uma enxada, nunca houve tempo para a escola. De quem seriam as cartas? E para quem?
A voz da prima que a chamava sobressaltou-a, já tinham desistido do jogo e esperavam-na para lanchar. Apressou-se a pôr as cartas de volta na caixa e fez os possíveis para colocar a caixa exactamente no mesmo lugar. Saiu do armário contrariada e prometeu a si mesma abordar o assunto com a avó mal tivesse oportunidade.
Só nos EUA 28 milhões de soldados e 55 milhões de civis perderam a vida. Portugal era agora a porta de entrada na Europa de 25 milhões de refugiados. Toda a costa portuguesa estava “minada” do que restava da armada Norte Americana.
As palavras do meu capitão estavam em parte certas. A liberdade permitia-nos fazer e dizer o que queríamos, viver onde queríamos e foi dessa liberdade, ou ideia de liberdade, que nasceu a nossa arrogância alimentada pelo poder que por sua vez aliada às pressões comerciais e politicas que impúnhamos ao Médio Oriente, Ásia, América do Sul, África e Rússia deixámos, sem querer, que fosse criado um governo tirano que nos impunha uma falsa noção de liberdade fragilizada pelas cedências constantes de liberdades em troca de um falso sentimento de segurança, enquanto nos guiavam para uma guerra que só as elites loucas pensavam poder vencer.
Apesar de Norte Americanos e Chineses terem usado armamento nuclear, a aliança Indo-asiática não o tinham ainda usado contra a Europa, que vivia sob um ultimato de rendição.
Era uma questão de tempo até a Europa cair mas mesmo vivendo no chaos, o exercito e povo olhavam para as elites politicas que nos tinham arrastado para esta guerra em busca de respostas, de orientação, de soluções, e de lá nada vinha a não ser a constante propaganda orgulhosa que apelava ao nacionalismo mesmo que as nações estivessem em ruínas. Ainda assim o povo lutava, não pelo país, não pelas suas casas já destruídas mas pelas suas famílias. O que é uma nação senão um aglomerado de famílias? As nossas famílias!
(excerto de Teanaris - Livro Terra)
Foi uns dias antes de tudo começar. Lembro-me de ter aberto os olhos incomodado pela luz do Sol que já ia alto e só ver verde em toda a minha volta e eu até gostava do conforto daquele verde e do cheiro da erva ainda um pouco húmida do orvalho da noite. Se hoje tenho saudades desses tempos simples em que nada acontecia, naquele dia recordo que acordei resmungão e a lamentar a monotonia de mais um dia em que nada de extraordinário ia acontecer e que o meu maior desejo era que algo extraordinário acontecesse. Naquele dia nada de extraordinário aconteceu ou pelo menos eu não reparei que algo extraordinário tivesse acontecido, mas estranhei uma revoada de pássaros lá longe sobre o pinhal que desce da colina dos arcos até ao regueiro da família Síldio e um estrondo oriundo de parte incerta que se foi esvaindo até se tornar um silvo e desaparecer.
Escusado será dizer que ninguém na nossa comunidade ligou alguma importância àquilo, tirando eu que era visto como um bicho irrequieto e trafulha e à espera de sarilhos apenas o Zoldi Ouriço conhecido por começar a mastigar bagas azuis logo que se levantava e a meio da manhã já andar a trombadar pelos caminhos, comentou que vinha ai coisa ruim e que o melhor era começar a encher a despensa. Recordo-me também que foi nesse dia que ganhei coragem para me aproximar sorrateiro do lago da fonte Castanha e espreitar o pêlo a luzir de gotas de água da Riú enquanto tomava banho…
Navego em mar encapelado
cavalgando as ondas em teu corpo
na crista da espuma suada
que de ti se desprende
em busca de enseada recôndita
onde anseio espraiar os sentidos
Pressinto a dureza do cais
Provo o sal da rocha que se alteia
Ouço o rugido suave das profundezas
Vejo-te em oscilação ritmada de maresia
Cheiro o doce acre que se desprende
da maré viva que libertas
Ribomba ao longe a tempestade que se aproxima
Faíscas de luz rasgam-me por dentro
Explode o céu no infinito
E amanhece.
Estava uma tarde maravilhosa, ouvia-se ao longe a terra a ser arada , e no ar pairava um cheiro doce , talvez fosse as macieiras ou as flores silvestres era uma mistura da natureza uma das tantas fragrâncias muito bem definidas mas sem definição ... E ra sem duvida memorável e um presente maravilhoso, para Mãe e Filho, juntos a conversar sobre o tudo e o nada que compõe este mundo.
- Mãe , como se pode ser melhor sem que ser melhor ofenda os outros ?
A Mãe emocionou-se interiormente com a sabedoria que aquele menino de 5 anos já mostrava ter , o seu ar sério fez com que repensasse em todas as palavras para que pudessem ser entendidas da melhor forma possivel.
- Podes ser melhor para muitos mas nunca o melhor para todos , porque ser melhor é alguém que se esforça por melhorar, já sabendo à prior que pode fazer pior...
A resposta confundiu e calou a criança , mas percebeu-se bem que a conversa não iria ficar por ali...
- A "ofensa" que os outros sentem, é a demonstração da frustração que eles sentem por não terem conseguido fazer melhor, não merece da tua parte atenção, só existe para chamar a atenção de quem se ofende com o facto de estares a melhorar.
A resposta ... Desta vez ... Foi bem mais complicada , mas muito melhor entendida, e apreendida por seu filho...Que crescia ali mesmo.
Andava um dia um pastor a pastorar o seu rebanho que tinha cabras e tinha ovelhas e tinha carneiros e tinha dois cães que eram pouco peludos e compridos de rabo e perna alta quando sentado debaixo de uma árvore de folha caduca mesmo no final do Verão num daqueles dias que quando se sai de casa faz frio mas depois ainda se sua lá para o final da manhã lhe apareceu Deus. O pastor que não sendo beato nem daqueles que queriam ser sempre dos primeiros a comungar era crente na medida em que não tinha nenhuma razão para acreditar que não existisse um Deus e que esse Deus era o pai de todos mesmo dos bastardos e dos desgraçados e dos ricos e dos pobres e até do tonto lá da aldeia que gostava de levantar a saia às moças para lhes pôr à vista as truces à vista de toda a malta que se riam que se fartavam e sempre lhe iam pagando um copito na tasca. Por isso quando Deus apareceu ao pastor ele imediatamente percebeu que Deus era Deus e que até era parecido com as imagens que vira em miúdo num livro que havia na casa de já não se lembrava de quem e quando Deus lhe falou num vozeirão tremendo que parecia soprado dentro de um tubo comprido e estreito na boca mas que depois se alargava como uma corneta das grandes e bojudas ele assustou-se e só não se borrou todo porque tinha vergonha de o admitir em público.
Deus estava vestido de cinzento com um manto que lhe tapava o corpo todo com excepção das mãos e dos pés e da cabeça e tinha barba e um pássaro branco de bico bicudo parecido ou igual àqueles que costumavam andar no meio das vacas pousado no ombro. Uma graça como lhes chamava o marceneiro da casa do moinho e uma bela graça de penas brilhantes. Deus disse ao pastor que o tinha ajuizado e julgado digno de uma das suas garças divinas pela sua bondade e vontade de não querer mal ao próximo e de ser simples e humilde e de não invejar nem as posses nem as mulheres dos vizinhos e o pastor ficou contente porque afinal não era tão parvo como todos lhe chamavam e ia ter uma graça de Deus o que tinha de ser uma coisa boa. O pastor aceitou de Deus sem perceber muito bem porquê o pássaro e levou-o para casa e dá-lhe todos os dias água e farelos de pão que o animal ignora porque prefere comer baratas e um ou outro gafanhoto que apanha por ali e ainda espera um dia perceber ou receber de Deus as instruções para pôr o bicho a funcionar como deve ser e se não for daqueles que cagam ovos de ouro ao menos que diga palavrões como o papagaio da taberna.
Bicho maldito. Maldito sejas tu que devoras e que sorves e que chafurdas nos restos das tuas conquistas. Maldito tu que esgravataste a terra e secaste o mar e sujaste o ar com o que sempre procuras e que nunca encontras. Maldito que nunca achas o que ainda te falta. Maldito que ainda e sempre te falta. Maldito tu que te aglomeras e que te espalhas e que te rodeias e que te enches e que te vazas. Maldito.
Maldito tu que procuras nos deuses uma razão e nas preces uma absolvição. Maldito tu que ensaias o riso e simulas o choro. Maldito tu que tens orgulho da avareza e luxúria da gula e inveja da preguiça e que te iras por isto ou por aquilo ou porque sim e porque não? Maldito tu que já não comes para viver e agora vives para comer. Maldito tu que sintetizas o esquecimento no fundo de uma garrafa, maldito tu que fumas ilusões, maldito tu que cheiras e que chupas e que chutas e que mastigas outras realidades de bicho maldito.
Maldito tu que gritas e te calas e que te incomodas e te acomodas e que te sentes e te consentes. Maldito bicho que rastejaste do nada para ambicionares o todo. Maldito tu que queres ser mais, mais que um bicho, mais que um enxame, mais que um deus. Maldito bicho hipócrita que te amaldiçoas.
Como sei, perguntas-me tu?
São os teus olhos que falam comigo e me contam de Mundos partilhados, de viagens fantásticas, de vidas trazidas, em memórias, ao presente, que me acariciam a pele sem me tocar.
São as tuas palavras embalando-me a alma, cantando-me trovas sem o saberes, nutrindo-me o coração, afagando-me o corpo, calando-me, aos poucos, o medo.
É o cheiro da tua pele na minha, um chegar a casa com o corpo cansado e a precisar de mimos, um aroma a pertença, a partilha, a doçura.
É o teu abraço forte que me protege e ampara, o ninho que crias para que nele me aconchegue e ressurja, equilibrada e forte.
É o beijo da tua boca vermelha na minha, promessa de brisa que sossega a tempestade revolta do mar, que acalma o chocalhar disperso das pulseiras de cigana que me adornam os braços, que me faz querer ficar ali, suspensa no tempo, no espaço, sem peso, sem saber, sem pensar.
São os segredos partilhados, as cumplicidades tão reconhecidas, o ser um e ser dois e crescer mais e querer mais, as descobertas de todos os dias, o sabor a mar nos lábios, e a terra para fincar os pés, e o fogo no peito, e o ar para espraiar as asas.
Como sei?
Não sei.
Mas quando penso em ti, recordo-me de tudo isto.
(Um meio que poderia simplificar a vida em grande e por isso tal como os preservativos e outros métodos contraceptivos devia ser completamente gratuito e sem limites alguns.)
O Universo fala com todos e quer falar com todos por uma especial razão que tal dar uma explicação mais real a esta insanidade ditada para tu aceitares.
(mrozny) |
Então questiono-me :
Porque a juventude de hoje em dia é tão apática, será que envelheceu ?
É que é o que mais se encontra apatia, e um medo quase incontrolado em acreditar nalgo desacreditando compulsivamente algo ou alguém por se sentir diminuido no ego, mas porque é que não podemos trabalhar todos em equipa? Para quê descriminar ? Catalogar ? Diferenciar ? Quando humanos é o que somos.
A vida com esta constante e imposta separação transforma-se numa equação com uma fórmula não muito clara pois só está centrada no Eu. E acaba por falhar.
O que é preciso para mudar essa estranha tendência para a divisão quase compulsiva ? Primeiro não esquecer nunca o que somos e isso é quem nós somos, inclusive todos os sonhos que já tivemos. Mas e quanto a realizá-los no plano real? A insatisfação que isto traz à mente é atroz mas na verdade não é dificil fazer algo que nos realize desde que tenhamos expectativas reais, mas a pergunta impoem-se : -Fazer o quê ? Existe tanta coisa que podemos fazer que quase ficamos exacerbadamente surpreendidos com tanta possibilidade de escolha, desde que haja isso mesmo : Escolhas
E por mais que as escolhas nos sejam oferecidas de bandeja nem todas são oportunidades.
Quando algo de feliz acontece na nossa vida a surpresa ou espanto denota na realidade apenas o "entusiasmante" crescimento (talvés interior), a mente transforma uma emoção em variadas formas que depois são traduzidas por cores sabores e até cheiros, mas se não tiver toque ou contacto humano faz uma espécie de fantasia, ou uma adivinhação de como será a pressão a força adivinhando até o tacto, mas nunca esquecer que essa imaginativa acção é apenas uma mera hipótese que só poderá ser comprovada depois de realizada no presente.
Para mim na humanidade falta a realização pessoal e por isso aumentam as formas doentias de perversão humana . Quanto menos realização mais fantasia, mais escapes, e fugir nunca será viver como um humano.
O que é ser perverso ? Segundo a wikipédia é isto :
"Perversão é um termo usado para designar o desvio, por parte de um indivíduo ou grupo, de qualquer dos comportamentos humanos considerados normais e/ou ortodoxos para um determinado grupo social. Os conceitos de normalidade e anormalidade, no entanto, variam no tempo e no espaço, em função de várias circunstâncias.
A perversão distingue-se da neurose e da psicose como modo de funcionamento e organização defensiva do aparelho psíquico. O termo é também freqüentemente utilizado com o sentido específico de perversão sexual, ou desvio sexual."
Mas aqui esqueceram-se de dizer algumas coisas por exemplo o lado bom e contemplativo de ser imaginativo e infelizmente também é considerado pela sociedade uma perversão mas a criatividade e a sua expressão é também o que destroi toda a parte doentia e exagerada da perversão humana por ser considerada de obra de arte, e quando nós consideramos algo a r t e , estamos a nos realizar também.
O mais maravilhoso ainda ficará por contar...É que só com essas capacidades ampliadas foram descobertas explicações para telecinese e outros fenómenos sobrenaturais envolvendo até a energia. Todas estas capacidades normalmente mal são descobertas usamos e ajudam-nos a alimentar uma espécie de alter ego que criamos para sobreviver em sociedade, uma especie de avatar dentro da matrix que é também desta realidade.
E quando acontece deja vus mas de forma constante ?
Existe "deja vus" e deja-vus, uns mais evidentes que outros, alguns originam de sonhos originalmente, outros são deja-vus repetição da realidade, quando essa repetição acontece é sinal que se estagnou ou esbarrou e por isso errou.
Como todos temos capacidades de aperfeiçoamento muito próprias , mas também dentro da natureza somos os seres que em bébés os mais indefesos, conseguimos convencer por milénios que era falando pela boca em linguas diferentes que nos mantinha no topo da cadeia alimentar então julgamos ser bom para melhorar a capacidade de comunicações entre povos e culturas .
Mas isso não resultou e falha redondamente quando a mentira é uma constante ou se estiver por todo o lado, daí a importancia do desenvolvimento da mente. Ainda assim convencemo-nos ou convenceram-nos que estavamos no topo da cadeia alimentar e ingenuamente acreditamos. E é esse o grande erro humano, acreditar sem comprovar por si mesmo. Porque para cada nova situação uma nova adaptação, um novo desafio, uma nova oportunidade para melhorar nem que seja só por isso. Deveriamos sim empregando as acções numa era de realização humana.
Que é desde sempre desincentivado por todos os lados na sociedade, fomos educado(s) e obrigados a uma submissão(inconsciente nalguns casos) na implementação de sistemas lógicos correlacionados como o capitalismo ou "endividaísmo" , detesto "ismos" , dá para fazer ismo de tudo até de caneca , canequismo...
Industrias/Economias/Empregos mudam radicalmente quando são as próprias pessoas que se recusam a fabricar e consumir um mau produto, onde chegamos ? Em que a ignorância vende ? Onde por todo o lado do ecran assumem-te à partida como estupido?
Já ultrapassei a fase do consumismo assim como bastantes pessoas que conheço mas nalgumas partes do mundo é desenfreado , e reflecte também a necessidade falsa por não ter sido pensada de consumir e tudo pelo controle da mente que só sabe ser passiva.
Mas nem todos são consumidores descontrolados mentalmente, muitos também são conscientes, se fores justo naquilo que consumires não comprando produtos cujos donos das corporações escravizem populações, por exemplo, estarás a fazer por si só bem a ti também .
Não me orgulho de ser da raça humana, eu sou humana e enquanto estiver a humanizar-me vou me definir como humana não tendo como base a definição de ser humano usada em livros ou dicionários, vou simplesmente ser.
Assimetrias. Preto e branco, recto e curvo, inodoro e pestilento, nascimento e morte. Vivemos a vida entre assimetrias. Já não gosto de me vestir de preto e ainda gosto de ver alguém vestir de branco e desconforta-me o inodoro e incomoda-me o pestilento, estou cada vez mais longe de ter nascido e mais perto de morrer. Na cultura em que me criaram o preto é a cor da morte e o branco é a cor do nascimento. Na fé que me impuseram vestiram-me de branco no baptismo e vestiram-se de preto no luto. Mas nunca gostei de me vestir de branco e não me lembro da dor de nascer, somos preservados pela memória do acto de nascer, apenas restamos como memória no acto de morrer, mas gostei um dia me vestir de preto sem ter que o associar à dor de alguém morrer.
Eu estou na minha assimetria ainda empurrado pelo bramir de mentiras que sei reconhecer como assimetrias de verdades. A verdade e a mentira serão talvez as únicas assimetrias que necessitam de juiz para serem julgadas na sua condição. A alegria é uma assimetria imprópria da tristeza e a verdade é a alegria que resta quando todas as tristezas das mentiras se revelam. Eu estou na minha assimetria seguro e alegre da minha verdade e triste pelas consequências das tuas mentiras. Tu estás na tua assimetria segura e alegre da tua mentira e triste pelas consequências das minhas verdades. Somos assimetrias a viver nas nossas assimetrias e seremos ajuizados nas nossas condições, eu seguro na minha verdade e tu segura na tua mentira.
Não estarei alegre na tua tristeza como tu estarás triste na minha alegria.
Preciso sofrer, perdão, escrever criativamente. Perdão, preciso sofrer para escrever e chegar lá. Preciso saber onde quero chegar, perdão, preciso saber como escrever. Preciso loucura, perdão, não, eu preciso loucura. Preciso sofrer, perdão, não, eu preciso sofrer. Preciso dos demónios, perdão, nao, eu preciso dos demónios. Preciso sair, perdão. Preciso sair. Preciso rebentar, perdão. Preciso rebentar. Preciso energia, perdão preciso energia.
Preciso parar, perdão. Preciso parar de pedir perdão.
A culpa não foi minha.
leve toque
leve afago
a alma flutua livre
na tua suave mão
terno sopro
terno beijo
a boca prende faminta
de pluma o coração
doce farejo
doce perfume
buscado em reentrâncias
indiscreto e pagão
suave gemido
suave murmúrio
que lascivo se ouve
em eterno carrilhão
travesso olhar
travesso sorriso
que abrasa os sentidos
em perfeita comunhão
Quando olhas para mim, o que sentes? Sentes o que dizes sentir, ou dizes sentir o que pensas que sentes?
Eu vejo os teus olhos a brilhar na minha direcção. Os meus estão camuflados pela escuridão dos bastidores atrás dos focos de luz que iluminam toda a tua beleza. Flash, flash, flash e mais flash, enquanto te moves e olhas para mim.
Tu és livre e por seres livre não te posso prender aqui a meu lado e dar-te o meu amor. Tu queres viajar, ver o mundo, lutar por aquilo que acreditas e acreditas que o nosso amor estará sempre em stand by. Não! Isso não é possível.
Envias-me postais dos sítios em que não estou contigo. Escreves-me cartas que não leio. Envias mensagens a que não respondo, telefonemas que não atendo. Bates à minha porta e não abro. Não te posso receber só para te dizer adeus novamente. Não consigo abraçar-te por um segundo sabendo da eternidade de saudade que umas semanas de distancia me parecem ser.
Onde estiveres eu estou contigo. O portefólio que te levou onde estás e te levará onde irás é parte de mim, és tu sob o meu ponto de vista filtrado por uma lente. O meu portefólio és tu, não todo, mas a melhor parte. A beleza e o impacto destas fotos sobre terceiros é algo que só agora consigo explicar. Não é das maquinas, nem das lentes. Não é do cenário nem da iluminação. Não é da modelo nem do fotógrafo. A magia é do sentimento, do sexo implícito de uma sessão.
Como pode uma pessoa passar a vida inteira em busca do amor enquanto outra o encontra com facilidade, e vira-lhe as costas? Parece não fazer sentido, no entanto, fugir a um amor que não se compreende é mais comum do que simplesmente nos deixarmos amar e ser amados.
8 minutos para me apaixonar
8 horas de quente paixão
8 dias de profunda ilusão
8 semanas para acordar
8 meses para me afastar
8 anos de azar e de sorte
8 décadas até à morte
…Em nome do pai… não me lembro das palavras certas, nunca as quis aprender. Os homens nos momentos de aflição sempre se viraram para Deus e eu que sempre disse que este se alimentava de dor e sofrimento, aqui estou também a tentar lembrar-me das palavras que já não vou aprender. Em nome do pai e do filho… Sinto-me derreter de dentro para fora e tento tocar a dor e vejo um vermelho brilhante brilhar-me na mão. Em nome do pai e do filho e de outra coisa qualquer… Vejo tudo desfocado, sinto a cabeça húmida e algo a escorrer-me pelo pescoço que não sei se é suor ou sangue ou uma mistura dos dois. Em nome do pai… Deus terá que me aceitar mesmo não sabendo as rezas, deus vai ter que me aceitar porque se é deus sabe que terá que me escutar e que eu sou chato e persistente quando quero alguma coisa e deus vai ter que me aceitar. Em nome do pai e do filho e do espírito… Sempre acreditei no espírito, terá que haver algo maior que esta carne que sinto e não sinto entalada entre ferro e plástico. Em nome do pai e do filho… Sempre achei que neste momento preciso toda a minha vida se repetiria num reviver de avanço rápido e pausas eternas , imagens claras do que passou e os cheiros, gostava de voltar a sentir o cheiro do meu pai mas nem me consigo lembrar do que acabei de almoçar. Em nome do pai e do filho e do espírito santo... Nunca fui um santo e agora que sei que a morte está a chegar e já a vejo num manto negro de face pálida a sorrir, quero que ao menos me sorria, porque gosto de sorrisos e não sei há quanto tempo me sorriram sinceramente pela última vez. Em nome do pai e do filho e do espírito santo... Foi arroz, com frango ou talvez peru, foda-se porque é que me importa agora lembrar-me que pássaro comi ao almoço? Em nome do pai que está no céu… Deve mesmo de haver um céu para onde vão os merecedores da boa vida eterna, para onde vão os que acreditaram e veneraram o dono desse céu, mas deus sabe quem eu sou e o que fiz porque é deus, mas ainda deve de ter mais que fazer do que me julgar somente por eu não saber as ladainhas e eu não sei as ladainhas porque nunca as quis aprender porque nunca gostei de quem as ensinava e não gosto de padres, uns com aquele ar escanzelado de pecadores perdoados à nascença ou os outros anafados e bonacheirões que me faziam lembrar o pai natal já bêbado da consoada. Em nome do pai e do filho e do espírito santo… Na trindade há o pai e há o filho que dizem morreu por nós pecadores no seu egoísmo piedoso e eu sempre gracejei que não se importaria de morrer fosse por quem fosse porque sabia que tinha a cunha do papá lá sentado à espera dele, mas agora não me importava de ser eu o egoísta e que voltasse a morrer por mim. Em nome do pai e do filho e do espírito santo… Já só sinto a dor, deixei de ter corpo para só ter dor e todo o meu sangue tempera a terra de rubro, dor apenas dor. Em nome do pai e do filho e do espírito santo am…
-Espera!
-Quando olhas para mim, quem vês?
-Quem és tu?
E tu que acabaste de ler esta divagação: Quem és tu?
(excerto de "Velho demais para ser", por Bruno Fehr)
Assim que dei os primeiros passos, caí, se calhar toda a gente cai ou talvez haja no andar já uns prodígios que uma vez que comecem já nada os faz cair. Aprendi depressa a cair de cu porque doía menos, embora custasse mais a levantar depois, havia toda uma manobra a realizar que para alguém com pouca experiência como eu era complicada além de que o cu me pesava, sobretudo depois de algum tempo sem manutenção e eu sempre fui algo cagão, então tinha que me inclinar para a frente, pôr uma mão no chão, o que comigo funcionava sempre com a direita e depois lá levantava o rabo até me conseguir ter direito e caminhar até voltar a cair, de cu, que eu aprendo depressa.
Ora eu e se calhar toda a gente, escolhe logo desde os primeiros passos uma situação de conforto em detrimento de mais facilmente andar para a frente ou se calhar não, as pessoas de sucesso que até podem ser felizes, sempre que caem, caem de forma a rapidamente se levantar e pouco importa os joelhos esfolados ou o sangue no nariz porque até lhe chamam construir e fortalecer carácter e o que não os mata fá-los mais fortes.
Somos empurrados pelo sistema que só nos quer ensinar e preparar a procurar e gostar da mudança, se estamos bem devemos estar preparados porque podemos vir a estar pior e se estamos mal devemos estar preparados porque podemos vir a estar melhor. A mudança pode ser lenta ou repentina mas é tão certa como o tempo e por muita desgraça que nos traga deve ser encarada como uma bênção porque nos dá uma oportunidade de melhorar. Por isso se criaram os incentivos que tanto podem ser os ecrãs de dois metros e meio para o qual todos gostavam de ter parede ou um lugar no céu sentado à esquerda de alguém famoso.
Tenho que saber lidar com a mudança para ser feliz mas como se define a felicidade? Que direito tem alguém de definir a forma do outro ser feliz? E se eu não quiser ser feliz e se este ou o outro for um estado que me faz sentir qualquer coisa que eu não quero catalogar ou que me expliquem o que é? Perdemos a forma de saber cair de cu no chão com o passar dos anos e não sei se isso tem a ver com a procura da felicidade ou do graal que nos tentam impingir ou se é algo evolutivo como a mudança dos dentes ou os cabelos começarem a ficar brancos. A mim nunca me nasceram os dentes do siso, acho piada gabar-me disso, podes dizer que andas com uma gaja muita boa e que tens um carro com mais cavalos que os índios e um barco que já só te cabe dentro de água, mas a mim nunca me nasceram os dentes do siso e diz-me lá se não tenho razão em ser mais feliz que tu?
Aqui há dias estava à janela do escritório e houve um senhor de branco que passou e me acenou, parece que distribuía felicidade a quem a procurava e eu que de repente estava só à janela a ver os carros passarem, fiquei sem saber o que fazer, como naquelas situações em que se vai na rua e se acha algo de valioso e ficamos com os dois bichinhos o do halo e o dos corninhos um de cada lado do ombro a soprar conselhos. Eu não procurei aquela felicidade e não queria enganar o senhor de branco que faz tanto para parecer e ser boa pessoa e não sabia mesmo se devia tentar arranjar uma forma prática de a devolver ou se a devia guardar e assumi-la como um capricho da sorte ou um sinal da trindade que eu era abençoado, talvez por não me terem nascido os dentes do siso ou compensação por já não conseguir cair de cu, quem poderá saber os desígnios do senhor de branco ou de outros transitários de felicidade.
A
não amar. demasiado óbvio. adeus. alegria. é banal. angústia. é por aqui, se faz favor. aconchegar. pela última vez. abraçar. sentir o cheiro. adormecer. para sonhar com o dia. acordar. para voltar a dormir. sono eterno.
B
que merda é esta?! baixar defesas. conhecer o canto. beber. tenho sede de não estar aqui. barulho. demais. calem-se por favor. aBatimento. eu não consigo mais.
A
outra vez. não ser amado. dolorosamente banal. chorAr. baixinho .alterar. rotina. acordar. não querer. adormecer. sono eterno. again.
N
nada. vazio. lembrança. nenhuma. eco.
D
o pior. dor. todos os dias. dor de ausência. dor de saudades. dor dos gritos alheios. sofrimento. dor. dor como agulhas na carne.
O
oportunidade. escapar. aventura. medo. odores. meus. alheios. iguais.
N
o mesmo. igual. nada. nada. nada. nada. vazio. eco. não gravidade no ser. eco. vazio. nada. nada. nada.
A
amor. não acredito. amor. não sinto. anestesia. morrer. por dentro. finalmente. abandono.
R
recuar. não nascer. não sentir. não sofrer.
Geme o raio de sol
que invade pelas frestas nuas
meu corpo ausente de mim.
Geme o silêncio
entrecortado por chilreios
que me debicam a alvorada.
Geme o ninho
sedoso no restolhar macio
tranquilo da minha pele.
Geme tua mão
pela suavidade sinuosa
das minhas colinas.
Geme teu olhar
enquanto me desvenda
faminto sedento de mim.
Geme teu respirar
aragem fresca da manhã
no meu ventre quente.
Geme tua boca
que me aguarda o acordar
para o início do fim.
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