Olhas-me.
Lês-me o desejo no corpo nervoso, a saudade no olhar que simula ausência.
Ensaias palavras breves, perguntas certeiras, para te acalmar o pulso que corre.
Mentiste-me, pensei, quiseste convencer-te que já não me amavas e agora que a presença te cobra a mentira não sabes como me fugir, como te iludir.
Mas conheço-te, e sei que basta tocar-te a pele para sentir a queimadura aguilhoada da fome de mim camuflada à superfície, louca para soltar os beijos com que me queres sorver.
Por isso encosto o corpo à chapa quente do carro, languidamente, e envio-te sinais imperceptíveis de desejo, daqueles que só nós dois conhecemos.
E por isso perdes a tua pose desprendida e os teus braços puxam os meus para trás, e a tua língua brinca já no meu pescoço, e todo tu és meu de novo, como tem de ser.
This entry was posted
on sábado, maio 8
at sábado, maio 08, 2010
and is filed under
espelhos
. You can follow any responses to this entry through the
comments feed
.