Amo-te  

Posted by Anónimo in


Nunca o tinha dito a ninguém. Não porque nunca o tivesse sentido, achava que sim. Que a determinada altura até amou, ou não. Não sabia, nunca teve a certeza suficiente para que a palavra lhe saísse naturalmente, por isso nunca o disse. Gosto de ti, quero-te, desejo-te, sim, imensas vezes às pessoas que lhe tinham passado pela vida. Nunca amo-te, a ninguém.
Ouvia muitas vezes as pessoas a dizê-lo como quem diz um « bom dia, como estás », banalizando a palavra, transformando-a em algo vulgar.
Mas, a verdade é que era apenas uma palavra, não era ? Uma palavra à qual se atribuía demasiado significado, pelo menos ela fazia-o. Tinham-lhe perguntado, há tempos, Amas-me ? ela sorriu e respondeu com outra pergunta, o que achas ? ele disse-lhe que sim, que achava que sim, então isso deve bastar, foi a resposta dela. Terminaram a relação pouco tempo depois, ele terminou na verdade. Acusando-a de ser fria, sem sentimentos, incapaz de amar. Apenas porque não lho disse. Talvez tivesse razão, talvez ela fosse mesmo uma pessoa fria, porque para além de não o dizer, também nunca quis ouvir, nunca o perguntou a ninguém. Se lho diziam, era bom, mas se não o fizessem, era igual.
Até agora. Agora dava por si a engasgar-se com a palavra que parecia querer saltar-lhe da boca. Agora olhava para ele e tudo o que lhe apetecia dizer era Amo-te. Eu amo-te. Logo agora, quando não era suposto dizer, quando nem sequer sabia se era algo que ele queria ouvir.
Era engraçado, que logo agora que o queria dizer, estivesse numa posição em que nunca o faria, não o diria em voz alta. Mas podia pensá-lo, e dizê-lo para si própria, não havia mal nenhum nisso, ninguém teria de ouvi-la dizer Amo-te, Eu amo-te, ninguém precisava saber. Só ela…

Retorno  

Posted by LBJ in

-Desculpa, dás-me um cigarro?

-Porque não… até te faço companhia.

-Há muito que não te vejo por aqui.

-Costumava vir todos meses, às vezes com tempo e outras apressado, um dia distrai-me…

-E deixaste de vir!?

-Esqueci-me do caminho.

-E como chegaste cá hoje?

-Por acaso, deambulava sem destino e quando dei por mim estava por aqui.

-E encontraste-me?

-Parece-me que foste mais tu que me encontraste.

-Eu esperava por ti.

-Por mim?

-Ou por um dos teus personagens.

-E tens algum que prefiras?

-Tenho vários, gosto sobretudo dos loucos e dos perdidos e dos imprevistos.

-Porquê?

-Não sei, não tem que haver uma razão para tudo.

-Pois não.

-Vais voltar?

-Quando? Onde?

-Na próxima vez, aqui onde podemos partilhar um cigarro.

-E partilhar um caminho perdido ou um devaneio ou a imprevisibilidade de uma palavra sem contexto?

-Tinha saudades de te ter por cá.

-Parece-me que tinha falta de cá vir.

-Dás-me outro cigarro?

Num mundo que não este, o teu(0)...  

Posted by I.D.Pena in

Reside mais mundos que não ves , um deles diz se que é o passado ainda a correr a repercutir-se pelos ouvidos mais abertos resolvidos a entender os absurdos . E é nesse plano que me vi enclausurada . Vivendo o passado descompassadamente e repetidamente , pensei que tinha enlouquecido , e enlouqueci perdi o rumo mas encontrei-o quando tentei perceber a razão para este labirinto psiquico, cai por um portal e para outro mundo onde a razão o tempo e a gravidade nao coexiste, um microcosmos onde poderiamos contemplar o tamanho do nucleo de um atomo enquanto percorriamos distancias inimagináveis e desafiantes à paciencia de qualquer resistente de controle mental . Nesse mundo entendi que não sou nada mas que faço parte do tudo, essa conclusão pareceu-me mais lógica na altura , agora nem tanto , em todos eles descobri a emoção amor na origem simbólica da vida como que se fosse eu a relembrar-me a mim mesma que em todos os lugares existe o amor , ate neste 3º mundo que dizem ser nosso. Que ilusão enorme , nós é que somos do Mundo.