Uma facada, um tiro, espancamento, imolação, tortura ou uma paulada no queixo. Tantas maneiras apelativas de o mandar para a quinta dos calados.
Com faca. Poderia usar uma técnica militar. Uma faca bem afiada nas costas. Uma facada de baixo para cima de penetração lenta no pulmão direito. Ele sente a dor da lamina em todo o seu esplendor sem conseguir soltar um único som. Poderia ser feito num local publico, à vista de toda a gente, ninguém vê.
O problema são as câmaras de vigilância e a falta de álibi, é que não me dá jeito nenhum ir preso. Por outro lado, uma morte publica faria dele uma espécie de lenda urbana, o que não me agrada.
A vantagem da facada nas costas é que antes de morrer ele pensaria, "quem foi? Porquê?". Não. Não serve eu quero olhá-lo nos olhos teria de ser uma facada de frente. Ver o olhar de surpresa dele e o brilho dos olhos lentamente a desaparecer à medida que a vida o deixa. Mas é muito badalhoco, ficava com o sangue dele nas minhas mãos e roupa.
Um tiro. Observando a localização dele e o local onde ele estaciona o carro, vejo que poderia ficar numa estrada paralela e atirar a 200 metros de distância através de um descampado. Tendo em conta a distância do tiro, a movimentação dele a pé e a minha experiência militar, tenho 90% de chance de o matar ao primeiro tiro, 100% ao segundo.
A arma. Apesar de ser fácil comprar uma arma com mira, além de dispendioso corro o risco de ela ficar presa na alfândega ao ser importada, caso a encomenda seja das poucas que são verificadas. Também não serve.
Uma pistola com silenciador. Ele ao estacionar o carro, entro pela porta do pendura e Pufff, um tiro silencioso na tempera direita. Nem uma palavra, só um tiro. A bala atravessaria-lhe a cabeça de um lado ao outro, saindo com velocidade suficiente para fazer unicamente um buraco no vidro. O vidro ficaria sim com pedaços do seu cérebro, que escorreriam por ele abaixo, lentamente como gósma. Seria lindo de ver, uma história digna de contar um dia aos meus netos.
Espancá-lo até à morte, apesar de eu achar que me iria dar um prazer imenso, além de demorar tempo demais, é cansativo e barulhento. Há sérios riscos de ele escapar ou de alguém aparecer e me identificar.
Imolação. Banhá-lo em gasolina. Não. Gasóleo que é mais barato. Não. Melhor ainda, em gasóleo agrícola que além de ser ainda mais barato, ele não merece mais. Pegar-lhe fogo e vê-lo a arder. Poderia até assar umas chouriças nas chamas, embalado pelos seus gritos. Que manjar. Dois prazeres em um, vê-lo a sofrer enquanto aprecio uma bela chouriça assada no seu corpo.
Isto é tudo muito giro, mas preciso de um álibi. Preciso de em caso de ser suspeito, deixar de o ser. Não me apetece ser preso acabando por tornar-me a putinha de um gajo qualquer. Não posso ser preso, não quero apanhar no cu, pelo prazer de o ver morrer.
Telefono ao meu advogado:
"Ouve lá Vítor, qual é a melhor maneira de um gajo limpar o cebo a outro e safar-se em tribunal?"
"Mas o que estás tu a dizer?"
"Cala-te e responde, cabrão!"
"Bem, tendo como álibi alguém que testemunhe que estiveste noutro lado à hora da morte"
"Mas a pessoa usada como álibi, poderia lixar-me"
"Claro que sim"
"Tirando isso, existe outra maneira"
"Declarando insanidade temporária, o que é muito difícil ou insanidade mental, que é possível se o crime for extremamente violento"
"Ok, se eu matasse um gajo e em tribunal, desse umas cabeçadas na parede, gritando que foram as vozes dos marretas que me disseram para o matar. Isso poderia resultar?"
"Mas, tu estás louco?"
"Responde à puta da pergunta!"
"Sim, poderia"
"Ok, então safava-me?"
"Em vez de prisão, essa pessoa cumpriria pena mais leve num hospital psiquiátrico"
"Muito bom. Obrigado"
"Mas para que queres saber isto?"
"Mete-te na tua vida"
É isso. Para um gajo normal como eu, fazer-me de louco é fácil. Bastam uns gritos segurando a minha cabeça, atirando-me para o chão dizendo "as vozes, as vozes". Um hospital até seria fixe, iria deixar aqueles loucos todos, malucos mesmo. Poderia até realizar o meu sonho de ter um quarto, com chão e paredes almofadadas, deve ser muito fixe.
O crime tem de ter contornos macabros e violentos, para justificar a insanidade que não tenho. Se o matar a sangue frio de forma premeditada, arrisco-me a 20 anos.
A solução? Rapto e tortura.
Rapto o gajo e levo-o para uma das quintas abandonadas da minha família, nunca vai lá ninguém e tem caves e adegas que lembram masmorras, bem como ferramentas artesanais que seriam muito úteis.
Dia 1:
Começaria com agulhas, espetadas uma a uma com intervalos de 5 minutos durante 8 horas, debaixo das unhas das mãos e pés. Um total de 96 agulhas. Depois de tão árduo trabalho iria descansar para voltar no dia seguinte.
Dia 2:
Uma a uma arrancaria-lhe as unhas, uma unha a cada 24 minutos, apreciando a sua dor.
Dia 3:
Com uma tesoura de podar cortaria-lhe os dedos, uma falange de cada vez, três cortes por dedo. Que prazer maravilhoso.
Claro que lhe iria estancar o sangue, não fosse aquele cabrão esvair-se e morrer na minha ausência, acabando com a minha alegria. O meu direito à tortura.
Dia 4:
Com uma foice, cortaria-lhe os mamilos enfiando-lha no cu. Com um alicate de pressão arrancaria-lhe todo o seu cabelo.
Dia 5:
Usando a faca de abrir os porcos, iria fazer-lhe cortes por todo o corpo evitando veias e artérias. Quero dor, não quero que ele morra... Pelos menos por agora.
Dia 6:
A língua seria cortada com uma faca do mato. Os dentes arrancados 1 a um em busca de cáries.
Dia 7:
Abriria-lhe o saco dos testículos, retirando-os. Com uma colher arrancava-lhe os olhos. Colocava os testículos dele nas cavidades oculares e os olhos no saco dos testículos e cozia o saco.
Nenhum juiz iria duvidar que eu na verdade fingia a minha insanidade. Eu não sou louco, mas tenho de me fazer de louco se for apanhado.
Claro que para o manter vivo teria de lhe umas injecções de uma solução de água com açúcar, mas ele precisaria de água para sobreviver. Água não se nega a ninguém, por isso iria força-lo a beber uma solução de água com laudano. O laudano é um veneno sem cheiro e incolor, que mata lentamente deixando o sangue ainda quente.
Dia 8:
Seria o toque final. O terminar a minha obra de arte. O meu maior prazer. O meu direito.
Com uma anestesia parcial, de maneira a mantê-lo acordado ao ponto de sentir. Abriria-lhe o peito até expor o seu coração. Com um conta gotas, pingaria uma mistura de ácido sulfúrico com água. Uma solução suficientemente fraca para não corroer o coração por completo, mas forte o suficiente para queimar. Gota a gota, gota a gota, gota a gota... Até ver o coração dele finalmente parar.
Por fim retiraria-lhe o intestino, não para fazer morcelas, mas para enfiar o intestino grosso dele, pela boca ligando-o através do estômago ao intestino delgado.
Ai iria rir e rir, como um perdido. A minha obra completa.
O seu corpo ali ficaria a apodrecer. Ninguém ali entra, só eu. Tenho os meus dois Rotweiller's soltos e eles não deixam ninguém entrar. Ao contrário de mim, eles são maus e agressivos. Eu diria que os meus cães são psicopatas, loucos, não percebo como ficaram assim, sendo eu tão normal. Normal tendo em conta as pessoas de QI superior. Não esta cambada de ovelhas que povoam o mundo. Fantoches que precisam de ser liderados e educados por seres divinos na terra, como eu. Sou normal no seio da minha superioridade divina.
O crime justo, o crime quase perfeito. Mas não perfeito, porque há corpo.
Pensei em desfazer o corpo dele em ácido, mas sou incapaz de o fazer. Isso iria destruir a minha obra de arte, que quero guardar para sempre. Além disso destruía o meu álibi.
(termina a 9/11)