Fora de mim (parte 1/2)  

Posted by Bruno Fehr in

Estou deitado no passeio, na minha rua, em frente a minha casa. Olho em volta e vejo caras conhecidas de pessoas de quem não gosto. Vizinhos. Ouço-os perguntar uns aos outros, o que aconteceu. Não percebo porque se questionam sobre mim na minha presença. Seria muito mais fácil, perguntarem-me directamente. Inteligência, nunca me pareceu ser uma das qualidades dos meus vizinhos. Talvez todos os vizinhos tenham um deficit nessa área, mas eu só me sinto afectado pelos meus. Os idiotas das casas em torno da minha. Apetece-me dizer-lhes “porque não se metem na vossa vida, para variar?”.

Eu não gosto que falem de mim, especialmente na minha presença. Ultimamente, toda a gente fala de mim, independentemente se me conhecem ou não, dizem verdades, meias verdades e ridículas mentiras. Eu sou o assunto do momento, toda a gente quer falar de mim. Sempre tive mais reputação que proveito em relação a mulheres, loucuras, talento e idiotices mas neste momento o proveito é zero e tudo isto não passa de reputação que está a afectar a minha vida pessoal de uma forma muito negativa. Dá-me vontade de torcer pescoços, furar olhos, bater em certas pessoa com gatos mortos até eles miarem. Tudo isto deixa-me deprimido, mas ninguém liga, ninguém se importa.


Estou a pagar um elevado preço por tudo aquilo que não fiz e não disse, deveria ter feito. Deveria ter feito toda a merda que dizem que faço e fiz... sei lá... Deveria ter sido o cabrão com as mulheres, que dizem que fui. Deveria ter feito mais merda do que era humanamente possível de imaginar, tenho a certeza que se o tivesse feito, não estaria na situação em que me encontro neste momento.


Sempre sofri de depressão, mesmo antes de depressão ser uma doença quando era simplesmente conhecida com um estado “maniaco-depressivo”. Lembro-me que desde muito novo que tenho variações comportamentais entre a tristeza e isolamento, a loucura e violência, no entanto considerava tudo isso, elementos relacionados com a adolescência e não uma doença. Os anos passam e a loucura diminui a violência termina, a depressão, tristeza é constante e a única coisa que nos mantém vivos é o isolamento, o tempo que passamos com os nossos pensamentos, o tempo passado a conversar comigo próprio, tentando conhecer-me. Acho que sou um tipo fácil de conviver e conversador, mas as pessoas com quem me cruzo, não têm nada para dizer, não têm vocabulário, falam do tempo e de assuntos banais que me dão uma vontade incontrolável de vomitar.


Quem não me conhece fala de mim, quem pensa que me conhece, fala de mim. As pessoas nunca elogiam quem não está presente, pois isso não tem piada nenhuma, a não ser que essa pessoa tenha morrido, ai é só elogios, como se essa pessoa tivesse sido perfeita, quando na verdade todos esse elogios são ditos, pois nunca se sabe se o morto esta a ouvir ou não.
A piada está em falar mal de quem não está presente. Estar no meio de colegas a ter uma animada conversa e no momento que te levantas para ir ao WC, usam esses minutos para falar mal, quando voltas, está tudo normal, sorrisos, brindes e a conversa continua.

Tenho saudades do meu estado “maniaco” em que simplesmente fazia algo de completamente louco, o que afastava a depressão enquanto a loucura durasse. Nos últimos 3 anos não há nada de maníaco na minha vida, unicamente depressão.


Talvez o facto de me ter deitado neste passeio, seja o “maniaco” em mim a voltar, mas toda esta gente a minha volta está a deprimir-me. Talvez estar deitado no passeio, em frente a minha casa às 07:00 da manha de uma quinta-feira, seja do mais maníaco que fiz nos últimos tempos, algo que provavelmente será falado nos próximos dias. Quero estar sozinho por um momento. Eu, o meu pensamento e este passeio. Ver o mundo por um outro ângulo, de baixo para cima, deitado, olhando directamente o céu, ignorando que passa. Não é fácil, pois uma dezena de caras feias, impedem-me de ver o céu, olhando para mim fixamente como se eu fosse louco. Quem é realmente louco? Eu por estar deitado no passeio à espera de ver o nascer do sol, ou todos os idiotas que param para olhar para mim, esquecendo as suas próprias vidas?


Não me lembro da noite passada, não sei onde posso ter estado numa noite de quarta-feira e toda a madrugada de quinta-feira. Não sei se me diverti mas tenho a certeza que bebi muito, não que esteja bêbedo ou me sinta a ressacar, simplesmente porque sempre necessitei de álcool, não para viver mas para me divertir. Se não saio durante um mês, não bebo álcool durante um mês, mas se saio todos os dias, bebo todos os dias. O álcool não é um vicio mas sim um aliado, que ajuda a sorrir e a fazer sorrir, ajuda-me a estar em contacto com o rapaz que fui, o mesmo rapaz que foi assassinado por todas as pessoas de quem gostei e me desiludiram.


O sol está a nascer. O normal é chegar a casa já de dia, mas se tivesse chegado mais tarde, não estaria aqui deitado à espera do nascer do sol. O nascer-do-sol… já vivi imensos mas nunca reparei neles. O nascer-do-sol é algo que ignoramos, pois todos os dias ele nasce, podemos sempre adiar mais um dia e ver o próximo só para um dia chorar todos aqueles que perdemos. Ouço uma voz que pede para me darem espaço. As pessoas afastam-se um pouco e assim consigo ver o céu.


Ultimamente tenho andado muito mais activo sexualmente, não só activo como também ando a variar mais. Porque não sei bem, é como se andasse de vagina em vagina em busca de algo, em busca daquele “lar doce lar”, em busca de uma ligação sexual e intelectual perfeita. É triste, mas acho que isso não existe. O melhor sexo que tive foi com mulheres que não conseguem andar e mastigar pastilha elástica ao mesmo tempo e, aquelas com as quais consigo ter conversas decentes, aquelas que conseguem desafiar a minha mente são aquelas que me fazem sentir necrófilo, pois não se mexem ou simplesmente gemem e gritam assim que lhes toco no colchete do soutien. Quando se procura algo de especial nas mulheres através do sexo, o que se encontra são problemas, principalmente quando quebramos as nossas próprias regras. A minha principal regra era não dormir em casa delas e não deixar que durmam em minha casa. Não importa a que horas começamos ou a que horas acabamos, tem de haver sempre a força de vontade para nos levantarmos e as levarmos a casa ou conduzirmos até nossa casa. Quando deixamos que elas durmam em nossa casa, elas acabam por se achar no direito de nos exigir algo de pessoal, algo que não estamos dispostos a partilhar com elas, como por exemplo o nosso numero de telemóvel. A outra desvantagem é que sabem onde moramos e mais tarde ou mais cedo aparecem à nossa porta. Quando damos por ela, encontramos uma escova de dentes a mais na nossa casa de banho. Eu tenho um armário pequeno demais para tanta escova. Se as levamos a casa, não temos tempo de nos esquecer. Não há nada de mais assustador do que acordar e ver alguém a dormir ao nosso lado e ter de espreitar para ver quem é realmente, ou simplesmente acordar e ouvir o nosso chuveiro, reparar em roupa espalhada pelo quarto e termos de de ir verificar a identidade dela através do bilhete de identidade, cometendo a indecência de mexer na carteira dela. Aconteceu-me há dias, ao ver o BI dela, lembro-me de pensar
não acredito que dormi com esta”.

As mulheres mais perigosas, são aquelas que já sabem de nós o que precisam e nos preparam armadilhas, que nos obrigam a entrar em contacto com elas, que nos obrigam a voltar. Aquelas que deixam « minas » na nossa cama, « minas » prontas a serem encontradas pela próxima mulher e a rebentar na nossa cara. Nunca percebi como é possível que uma mulher se esqueça das cuecas, mesmo que seja daquelas fio-dental, que mal se nota que as têm vestidas. No entanto com o tempo percebi que elas não se esquecem delas, as cuecas são deixadas na nossa cama com um propósito, o propósito de serem encontradas de preferência por outra mulher. Na mente delas, o motivo de saberem que nós as iremos evitar depois do sexo, só pode ser por termos uma namorada e essa mina é deixada de maneira a ser encontrada por a nossa cara metade… que termo estúpido, cara metade.


Há qualquer coisa no meu estado depressivo que me faz trocar de mulher com regularidade, independentemente da maneira como ela se sente. A depressão torna-nos egoístas, se me sinto mal toda a gente se deve sentir mal. Troco de mulher sem pensar nisso, não importa se ela se sinta ligada a mim, pois eu não ligo a ninguém. Por isso mesmo ando a trocar regularmente de numero de telemóvel, desta maneira não me ligam mesmo que queiram.


Quando será que alguém me pergunta o que se passa comigo, o motivo pelo qual eu me deitei neste passeio? Por outro lado, o que será que eu iria responder? A melhor resposta seria: “Estou aqui deitado, porque posso!”.


Não quero ver mais esta gente. Fecho os olhos.




(Termina dia 22.01.2009)


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21 Devaneios

Repetindo!

(A ver se o imbecil do Blogger NÃO me apaga de novo o comentário!grrrrrrr)

Depois de quase adormecer em cima do teclado, acabei a coisa a chorar a rir! (exagero, vá)

A primeira parte do texto contrasta com a segunda, como se o próprio texto tivesse uma parte depressiva seguida de uma maníaca. E é isso que lhe dá um corpo sólido, uma estrutura.

A única coisa que eu diria, talvez, é que, tipicamente, o comportamento sexual activo ou hiperactivo se dá numa fase maníaca e não numa depressiva. Mas às tantas nem a personagem sabe onde está... Mas parece que nada aqui vai ser típico...;)

(Nota: O primeiro comentário estava muitoooo melhor. Mas o blogger perdeu-o para sempre.E o meu neurónio só consegue fazer uma coisa bem ao dia. Parece que a de hoje... Kaput!)

20 de janeiro de 2009 às 10:27

Excelente... aguardando...

20 de janeiro de 2009 às 12:26

bem lá tenho de esperar para ver...
claro que até lá já estou para aqui a imaginar a continuação e o final...

20 de janeiro de 2009 às 13:23

a doença maníaco-depressiva é uma coisa lixada... mas o conceito de normalidade ainda mais. Excelente texto. Em relação ao teu texto deixo-te uma pergunta: E se fosses tu um dos vizinhos o que te perguntavas tu? O que vias tu deitado no chão?
su

20 de janeiro de 2009 às 22:54

Gostei muito. Vou estar atenta à conclusão :)

20 de janeiro de 2009 às 22:59

Confesso que me arrepiei do início ao fim.. Podia tão bem ter sido escrito por mim este texto. Aliás não podia porque não o saberia fazer dessa forma. Não conheço os meus vizinhos, não os quero conhecer. Por vezes gostaria de morar numa gruta no meio de uma floresta, completamente entregue a mim e a mim. Precisaria de alccól única e simplesmente para evitar uma ou outra ideia suícida, ou só para esquecer.. Esquecer o que um dia fui e naquilo que me tornei. Entrei neste estado há muito tempo, lutei contra ele durante mais tempo tempo, e por mais que me custe admitir sei que ele levou a melhor.. Estou bem, acho eu. Estou o melhor que dentro desta condição poderia estar!

20 de janeiro de 2009 às 23:47

Jane Doe disse...

"A primeira parte do texto contrasta com a segunda, como se o próprio texto tivesse uma parte depressiva seguida de uma maníaca. E é isso que lhe dá um corpo sólido, uma estrutura."

Na verdade isso é mais visível aqui, devido aos imensos parágrafos que faltam entre os parágrafos publicado.

Esta primeira parte é uma selecção de entre 16 páginas.

"A única coisa que eu diria, talvez, é que, tipicamente, o comportamento sexual activo ou hiperactivo se dá numa fase maníaca e não numa depressiva."

No percebo o porque! Numa fase maníaca ages e não pensas, numa fase depressiva buscas segurança, protecção e hiper-actividade sexual é uma busca de um refugio seguro, como foi escrito o "lar doce lar".

22 de janeiro de 2009 às 02:44

Papinha disse...

Obrigado.

22 de janeiro de 2009 às 02:44

Green Eyes disse...

"claro que até lá já estou para aqui a imaginar a continuação e o final..."

Nao acho que esta primeira parte de para adivinhar o final. Final que é final só nesta sinopse e não o final real da história.

22 de janeiro de 2009 às 02:45

susana disse...

"Em relação ao teu texto deixo-te uma pergunta: E se fosses tu um dos vizinhos o que te perguntavas tu? O que vias tu deitado no chão?"

A resposta a essas perguntas, está na segunda parte do texto :)

22 de janeiro de 2009 às 02:46

Izzi disse...

Obrigado.

22 de janeiro de 2009 às 02:46

Black Holes and Revelations disse...

"Confesso que me arrepiei do início ao fim..."

Hmmm, arrepios é bom, mas esperava os arrepios na segunda parte :D

"Por vezes gostaria de morar numa gruta no meio de uma floresta, completamente entregue a mim e a mim."

Gostava, mas com alguns luxos :)

"Precisaria de alccól única e simplesmente para evitar uma ou outra ideia suícida, ou só para esquecer.. Esquecer o que um dia fui e naquilo que me tornei. Entrei neste estado há muito tempo, lutei contra ele durante mais tempo tempo, e por mais que me custe admitir sei que ele levou a melhor.. Estou bem, acho eu. Estou o melhor que dentro desta condição poderia estar!"

O álcool pode e dever ser um aliado mas nunca deixar que ele domine. O importante para quem se encontra em estados depressivos é compreender que se encontra numa situação fora da definição de normal. Esse é o primeiro passo a dar. Ao dar esse passo, podemos combater ou aceitar esse estado de espírito. Combater poderá levar tanto à cura como à loucura, a aceitação, levará a algum outro lado, que não sei definir pois ainda não cheguei lá!

22 de janeiro de 2009 às 02:50

Adorei :) Vou ler a segunda parte e já volto :P

22 de janeiro de 2009 às 03:19

"No percebo o porque! Numa fase maníaca ages e não pensas, numa fase depressiva buscas segurança, protecção e hiper-actividade sexual é uma busca de um refugio seguro, como foi escrito o "lar doce lar"."

"No" percebes porque? ai no lo entiendes! Eu tambem não!
Ahahahahah

Pah...

Essa da actividade sexual como um refugio seguro tipo lar doce lar parece-me... Freudiana. Completamente.

Digamos que a parte maníaca de um disturbio depressivo-maniaco é onde há mais fluência de pensamentos, com direito a pensamentos alucinantes. A actividade sexual é mais intensa, bem como os comportamentos de risco. O que inclui vários parceiros. Na parte depressiva domina a não acção, os pensamentos mórbidos, (e não morbosos) E o isolamento social.

Sim, mas a tua personagem pode ser diferente. Pode ser como tu quiseres!

Mais um bocadinho e fazia copy paste do DSM.
:)

22 de janeiro de 2009 às 10:57

"Nao acho que esta primeira parte de para adivinhar o final. Final que é final só nesta sinopse e não o final real da história."

Nem eu “tentei” adivinhar o final, eu imaginei a “minha” continuação e o meu final

Mas sinceramente imaginei logo a parte do EU se ver a ele próprio

Já li o final e está óptimo, mas isso já tu sabias ou não o postarias :) :)

22 de janeiro de 2009 às 11:33

bem, qd comecei a ler, a primeira coisa q pensei foi q ele estava morto, no chao. Daí ninguem falar directamente com ele. Mas isto sou eu, que ando a ver demasiados episodios do sobrenatural looool! ;-)

Gostei. Vou ler o resto.

25 de janeiro de 2009 às 17:36

Lize disse...

"Adorei :) Vou ler a segunda parte e já volto :P"

:)

26 de janeiro de 2009 às 21:07

Jane Doe disse...

"Essa da actividade sexual como um refugio seguro tipo lar doce lar parece-me... Freudiana. Completamente."

Talvez o seja, mas é uma componente masculina de procurar um porto seguro na vagina de uma mulher. O problema é que há muitos portos ao longo do mar e nunca sabemos qual é o nosso lar.

"...com direito a pensamentos alucinantes. A actividade sexual é mais intensa, bem como os comportamentos de risco."

Só se for sexo pendurado na janela do décimo andar. Os riscos só os corre quem é parvo.

"O que inclui vários parceiros."

Ter vários parceiro é um risco calculado, existe proteccao para minimizar e até eliminar o risco.

"Na parte depressiva domina a não acção, os pensamentos mórbidos, (e não morbosos) E o isolamento social."

Sim e o sexo é um componente de isolamento, na minha opiniao é. Além disso é uma fuga e o sexo é muito diferente nas respectivas fases.

26 de janeiro de 2009 às 21:11

Green Eyes disse...

"Mas sinceramente imaginei logo a parte do EU se ver a ele próprio"

Daí o título :)

"Já li o final e está óptimo, mas isso já tu sabias ou não o postarias :)"

Que na verdade é só o final do primeiro capitulo.

26 de janeiro de 2009 às 21:12

Van disse...

"bem, qd comecei a ler, a primeira coisa q pensei foi q ele estava morto, no chao. Daí ninguem falar directamente com ele. Mas isto sou eu, que ando a ver demasiados episodios do sobrenatural looool! ;-)"

Nao estava morto, tanto que um morto nao diz querer ver o céu, nem tem tanto pensamento :)
Ele está no chao, unicamente a pensar, o que aconteceu é que nao se sabe. Poderá estar morto, mas é uma versao de morte consciente :)

As pessoas nao falam com ele, pois a pessoas nos acidentes preferem falar umas com as outras, como se a comentarem a um filme.

26 de janeiro de 2009 às 21:14

Bruno Fehr disse...

"Talvez o seja, mas é uma componente masculina de procurar um porto seguro na vagina de uma mulher. O problema é que há muitos portos ao longo do mar e nunca sabemos qual é o nosso lar."

Essa tua teoria faz-me rir. Estamos destinadas a ser o vosso lar? E o nosso quem é?
Freudiano, sim!

Há mais portos que barcos... E depois há barcos que se perdem uns nos outros... E há portos que se fartam e ficam juntos...

"Só se for sexo pendurado na janela do décimo andar. Os riscos só os corre quem é parvo."

Um maníaco é bem capaz de o fazer. Sim, só corre risco quem for parvo, mas na fase maniaca a coisa anda assim meio descontrolada.

"Sim e o sexo é um componente de isolamento, na minha opiniao é. Além disso é uma fuga e o sexo é muito diferente nas respectivas fases."

No típico disturbio bi-polar acho que não.

O sexo é uma componente de isolamento?

6 de fevereiro de 2009 às 00:45

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