Existências  

Posted by John Doe in

Existir…

Afinal, o que é isso de existir?

Procuremos então os significados da existência. Havia um filósofo que brandia que existir era pensar, isto é, o facto de ser pensante definia a sua existência. Já o dicionário diz que existir é viver, subsistir, estar. A ligação lógica é: pensamos porque vivemos. Está correcto portanto. Mas pergunto eu; poderemos nós viver sem pensar? É que se for afirmativo, então o facto de pensar não nos conduz à existência.

Teixeira de Pascoaes vai mais longe ao dizer que “Existir não é pensar: é ser lembrado”.

Mas afinal o que é existir? Que significa, em que se traduz, que contexto lhe damos?

A vida conduz-nos por caminhos misteriosos, a existências mais ou menos notadas, mais ou menos lembradas, mais ou menos pensadas. Mas existências ou vidas? Em que ficamos? Seguimos pelo dicionário, livro sábio, ou pela sabedoria de quem os lê e interpreta?

Afinal, o que é uma palavra? Podemos usar e abusar do “existir”, dar-lhe todos os sentidos que quisermos, podemos “existir” neste mundo, podemos “existir” na vida de alguém, podemos “existir” em nós. Poderemos prender a palavra (nesta Prisão de Palvras, por exemplo) a um significado apenas, ou vamos dando significados conforme nos convém? Mas se lhe damos significados, não estaremos nós a pensar nesses ditos? E se pensamos será sinónimo de existir, como o filósofo afirmava? Será que existimos ao pensar sobre a palavra “existir”? Será que esta reflexão será memorável? E se assim for, ao ser memorável definiu a minha existência? E se não for, que dizer que não existi, pelo menos para os leitores destas palavras? Ou existi para muitos e não para tantos outros?

Será mais fácil aprisionar as palavras a um sentido? Dar-lhes um rumo constante? Será sim, sem dúvida. Mas ao fazermos, não estaremos a matar a existência das palavras?

Confusos?

Afinal o que é isso de confusão? Falta de ordem ou método como diz o dicionário ou o nome que inventámos para uma ordem que não compreendemos como dizia Henry Miller?

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6 Devaneios

Podemos prender palavras no sentido de que podemos guardar o que estávamos a sentir ou a pensar no momento em que o escrevemos... mas não me parece que possamos prender uma palavra a um só significado. Porque os significados mudam com as pessoas, com a idade da pessoa em questão, com aquilo que a pessoa já viveu, aprendeu e ainda tem a aprender. Ao aprisionar-se o significado de uma palavra, está-se sim, a matar a existência das palavras.


Beijocas

18 de janeiro de 2009 às 03:27

A melhor definição de existir é pensar e a melhor definição de pensar é confundir. Está tudo interligado.

20 de janeiro de 2009 às 00:21

Podemos existir as vezes que quisermos, da forma que quisermos, sempre que quisermos:)

20 de janeiro de 2009 às 01:27
Anónimo  

Uma excelente reflexão sobre “existir” e o significado que atribuímos às palavras aprisionando-as nesse significado.
Este teria sido um óptimo texto, de abertura deste blogue “Prisão de Palavras”.
Na minha opinião as palavras existem nos seus múltiplos significados sejam elas escritas, faladas ao pensadas, ao aprisiona-las a um só sentido, estamos sim aniquilar a sua existência.
Uma mais, a juntar a tantas interrogações. Será que vivemos ou simplesmente existimos?
Óscar Wilde dizia “Viver é a coisa mais rara do mundo a maioria das pessoas apenas existe.

20 de janeiro de 2009 às 06:09

São! Grande frase, essa do Oscar Wilde!

Gostei!

20 de janeiro de 2009 às 10:31

podia entrar para aqui com definições bioquimicas da existencia e do pensamento...mas tirava a filosofia toda à cena :)

tb gosto da frase do oscar wilde. ;-)

25 de janeiro de 2009 às 17:21

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