Era uma vez...  

Posted by Bruno Fehr in



Era uma vez a Cinderela que trabalhava imenso e ganhava pouco, um dia conheceu um príncipe que disse que a amava e entregou-se a ele de corpo e alma. O príncipe uso-a e nunca mais lhe ligou. Ele era só um príncipe sem titulo, um de muitos com os quais ela não iria ser feliz para sempre.

Era uma vez um senhor muito mau que falava mal de tudo e de todos. Um senhor desonesto que acusava toda a gente de desonestidade. Esse senhor conseguiu punir muitos inocentes pelo que não fizeram e nunca foi punido.

Era uma vez um rapaz que não defendeu a honra da sua amada e fugiu. Ela foi violada e marcada para toda a vida. Esse rapaz viveu para fugir um outro dia. O violador viveu para violar um outro dia. A menina morreu por dentro nesse dia.

Era uma vez uma menina que disse a um menino que o amava e ele amava-a de volta. Casaram com os votos de serem felizes para sempre. Um dia essa menina conheceu outro menino a quem disse que o amava, deixando o primeiro menino sozinho, sem casa, sem carro, longe dos filhos, e tendo de sustentar essa menina durante os anos vindouros. O crime do menino foi ter amado e ser deixado.

           Era uma vez um mundo cinzento pintado de cor-de-rosa em livros de sonhos.
           Era uma vez um mundo de ilusão. Esse mundo era perfeito e nele viviam todos os meninos e meninas do mundo. Esse mundo era uma vez pois nunca foi nem será vez nenhuma. 

           Era uma vez um menino que certo dia viu o mundo como ele é, sem o véu da inocência, e sentiu medo pela primeira vez. Medo de um mundo não perfeito. E era uma vez todas as ilusões. Este era um mundo onde as princesas e príncipes não trocam posição social por amor. Um mundo onde os sapos serão sempre sapos e condenados ao charco, mas felizes de nenúfar em nenúfar sem princesas por perto. Um mundo onde as pessoas amadas morrem, partem, sofrem. Um mundo onde tristeza e dor andam de mãos dadas com sorrisos e alegria. Um mundo em  que se estamos tristes, esperamos ser felizes um dia, e se somos felizes que a felicidade dure mais um dia. 

            Era uma vez todos os finais felizes, pois nesta vez que é e não era, ser covarde é ser normal, ser herói é ter morrido, os maus da fita podem vencer, e é possível ser-se infeliz para sempre. Nesta vez, a realidade são todas as vezes que não eram uma. A vez que é e não era, é a vez em que tudo o que vemos e mais ninguém vê é mentira, pois se os outros não vêem é porque não existe. 

            Era uma vez um estranho mundo do qual o menino não gostava e fechava os olhos com muita força na esperança de voltar ao mundo do era uma vez...







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6 Devaneios

Era uma vez uma menina que ao ler um texto ficou a pensar na verdade das palavras, e ficou sem palavras perante o que viu.

Era uma vez porque nao é, visto que estou a comentar e estou a pensar mesmo é na minha almofada!

Gostei mesmo.

27 de novembro de 2009 às 09:39

Também adorei, está dramático e sem um pingo de ilusão.

27 de novembro de 2009 às 19:15

ADOREI, JANE DOE!
É DE UM MUNDO DE VERDADE QUE PRECISAMOS...MAS a verdade é tão amarga que, por vezes, nos refugiamos, sentidos e feridos , no mundo da ilusão, da utopia...
LUSIBERO

28 de novembro de 2009 às 17:47

Maria Ribeiro:

Obrigada, mas o texto não é da minha autoria, é da autoria do Bruno Fehr.

:)

Este blog é um espaço conjunto.

Bem vinda.

28 de novembro de 2009 às 18:23

Era uma vez uma princesa que casou com um príncipe, beijou-o e ele transformou-se num sapo.
Depois, havia a bruxa má que era a sogra.
Depois, divorciaram-se e foram felizes para sempre. :D



(E a princesa ganhou asas e tornou-se fada passados uns anos e está a comentar o teu conto de (des)encantar... ;) )


Não resisti, Bruno, às historinhas de era uma vez. :D
E era uma vez histórias felizes, como o do menino que mesmo triste, ajudava os outros. Mesmo infeliz, ajudava quem podia, para que outros pudessem ser felizes.

:)

Beijinhos

2 de dezembro de 2009 às 01:09

Bolas, esse menino do último parágrafo faz-me lembrar, sei lá, eu. E dentro em pouco vou ver o Lua NOva,só pela carga ilusória do filme, e era uma vez uma menina que gostava de viver num mundo onde existam vampiros. Porque se estes existirem, tb existe magia. E se a magia existe...!

2 de dezembro de 2009 às 01:16

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