Altar  

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Rastejo por vales e colinas
Cobertos de tojo quente
Já pontilhado de geada,
Na suavidade felina
De quem te sabe indefeso.

Avanço devagar, abrindo trilhas
Desbravadas em passo impudente,
Cada dedo como pegada
Entrando pelos covis,
Desrespeitando o defeso.

O olfacto serve de guia
A um desejo indigente.
A cada haste arredada
Exalo mais na selva densa
Odor de sacerdotisa.

Solto o ar pelas campinas,
Glacial, incandescente.
Sobem gemidos em toada
No pasto húmido de seiva,
Incensado pela brisa.

Estendo-me na nua pedra pia
Em labareda, já demente,
Pelas garras demarcada,
Bem ciente do alívio
Que o fogo profetiza.

Ajoelho em idolatria
No cume em êxtase ardente.
Abraço a impetuosa ramada,
Mergulho na seiva aspergida
Em que por fim me reteso.

Inclino em doce alquimia
Em adoração reverente.
É esta a minha morada,
Altar-oferenda de paixão,
Em que te sinto preso.

This entry was posted on sábado, fevereiro 7 at sábado, fevereiro 07, 2009 and is filed under . You can follow any responses to this entry through the comments feed .

6 Devaneios

Miguel Barroso:

Óh rapaz, se queres publicidade eu posso tirar um hora para te encher o blogue dela.

Acho este tipo de comentários de um mau gosto incrível que me retiram a vontade de te visitar.

Faz comentários construtivos e recebes visitas, como copy/paste da mesma, treta não vais a lado nenhum.

12 de fevereiro de 2009 às 08:58

Agora que já arrumei a casa, passo a texto.

Pessoalmente não tenho grande queda para a poesia, como demonstrei nas minhas tentativas como anónimo.

No entanto a forma como usas as palavras é verdadeiramente cativante.

Os meus parabéns.

12 de fevereiro de 2009 às 08:59

Pah... Eu e poesia e eu...

Vou ter de ler de novo, e não sei quantas vezes.

Perco-me sempre nas pausas, nas virgulas etc...

Pronto eu já volto...

12 de fevereiro de 2009 às 18:24

Miguel:
Abraços também :)

13 de fevereiro de 2009 às 06:02

Fehr:
Eu até achei que tu tinhas jeito para poesia, por acaso.

Gostei dessa de ser 'cativante'. Acho que em poesia é dos melhores elogios que se podem fazer. :)

13 de fevereiro de 2009 às 06:04

Jane Doe:
O poema é uma metáfora. Lê com atenção e percebes de quê. ;)

13 de fevereiro de 2009 às 06:04

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