Posted by ipsis verbis in

Tinha acabado de chegar a casa do trabalho, depois de lhe ter telefonado, depois de ter fumado um cigarro à entrada do prédio e depois de esvaziar a caixa do correio.
- "de amanhã não passa! vou colar aqui a porra do autocolante a proibir publicidade..."
Descalçou os sapatos, dirigiu-se para a cozinha e serviu-se de um copo de leite fresco.
Enquanto vagueava pela casa de copo na mão, verificava que em cada divisão, haviam coisas amontoadas, encaixotadas e desarrumadas, como se se tivesse mudado há dias. "Amanhã", dizia ela para os seus botões, "amanhã arrumo isto tudo"
e assim deixar-se-ia assentar por ali. Mas o amanhã dela era sempre adiado.
Sentou-se no sofá e acendeu um cigarro.
Estava cansada do trabalho. Triste por ele não poder ir ter com ela e chateada por não conseguir parar de fumar.
E enquanto pensava qual das 3 lhe estava a pesar mais, o seu telemóvel interrompe-a.
- "estou?"
(era um número anónimo, claro)
- "sim?"
(e quando não é publicidade, do outro lado nunca dizem nada, claro outra vez)
Manteve a chamada, mas não disse mais nada e começou a fumar um outro cigarro.
Passados 5 minutos, ouve do outro lado do

telemóvel:

"ainda não percebo a importância deste objecto na minha vida. Antigamente era uma ferramenta de engate, trocas de sms's sem fim ao ponto das páginas da minha factura detalhada no final do ano serem mais que as da lista telefónica da zona centro. O telemóvel era como que um artigo essencial de vestuário, andar sem ele era o mesmo que andar nu, tinha, sempre que me esquecia, de voltar atrás para o ir buscar. Hoje é um adereço, é bonito, moderno, as pessoas olham e admiram-no mas não serve para nada. Se anda comigo ninguém me liga, se o largo por 5 minutos tenho 10 chamadas não atendidas, se fico sem bateria todo o mundo precisou de falar comigo com muita urgência... mas já passou, já não é importante pois eu liguei de volta. Por que raio se preciso de falar com alguém mas não quero ligar a ninguém, o raio do telemóvel não toca? Se espero uma chamada ela não chega, mas se vou cagar já toca e normalmente quando já estou na sanita com o cagalhão a meio gás e telemóvel está do outro lado da casa. Cagalhão para o telemóvel!!!
- Sim?

- Olá, onde estás?

- Em casa...

- O que estavas a fazer para demorares tanto a atender?
- Estava a pensar em ti...

- Ooooooohhhh que querido!
"

This entry was posted on quarta-feira, agosto 19 at quarta-feira, agosto 19, 2009 and is filed under . You can follow any responses to this entry through the comments feed .

6 Devaneios

Ehehe. ok, para a próxima vamos abanar um pouco isto! :D

19 de agosto de 2009 às 01:11

Ahahahah, ela afinal do outro lado não ouviu nada, pois a segunda parte não tem nada a ver...

Sim, temos de inovar. De inicio fazia sentido demais, agora não faz sentido nenhum :)

19 de agosto de 2009 às 02:00

A segunda parte tem a ver sim, basta fazer muita força e tem a ver (ahahah). Se reparares, é um anónimo a expor o seu desabafo sobre o objecto telemóvel. :D

20 de agosto de 2009 às 00:07

Ahahahah que loucura.
Adorei esta parte :

"e normalmente quando já estou na sanita com o cagalhão a meio gás e telemóvel está do outro lado da casa. Cagalhão para o telemóvel!!! "

por ser uma parte de merda.

Parabéns aos dois o contraste de estilos nunca chega ao auge.

20 de agosto de 2009 às 22:58

LOLOL

Beijitos :)

21 de agosto de 2009 às 00:23

LOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOL! Têm de começar a deixar pistas para o sexo da personagem da primeira parte. :D se não fosse isso, estava surrealmente parecido com um dia igual aos meus :DDDD

5 de setembro de 2009 às 21:50

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