O canto da floresta  

Posted by Bruno Fehr in

Estou sozinha neste campo, à minha volta devastação. Não nasci para estar sozinha, fui entregue à solidão. Minhas irmãs foram levadas, para longe de mim. Eu fui aqui deixada, e não me quero sentir assim. Não percebo por que o fazem, porque matam sem razão. Não entendo como não ouvem, os meus gritos quando grito: Não!
Eu sou árvore mas sou vida, não um pedaço de madeira. Não nasci para estar sozinha. Sozinha a vida inteira. Quando o vento sopra forte, eu começo a dançar. Não, eu não sou feliz, será que ouves o meu chorar?

Eu nasci na floresta, não fui para aqui fui trazida. O que será que fiz de mal, para me sentir tão perdida. Sim, eu sei que não fui mudada, fui simplesmente esquecida. A minha família assassinada, a minha raiz ferida.
Numa noite de luar, cantei uma ode ao vento. Pedi-lhe para me derrubar, acabar com meu sofrimento. Ele chorou em meus ramos, dizendo não o poder fazer. Será que o Homem não percebe, que ao cortar-nos está a morrer? Estou sozinha neste mundo, sem ninguém no horizonte. Invento histórias sem sentido, por não ter quem me as conte.

O ser humano é inteligente, detém todo o poder. Sabe melhor que ninguém, o que é amar, o que é sofrer.
Eu sei que eles também choram, quando o seu mundo parece terminar. Não sei por que ignoram, que ao cortar-nos estão a matar. Eu sei bem que de mim precisam e não me importo de ajudar, mas eu olho à minha volta e não vejo nada para o meu lugar.
Se eu fosse substituída, por uma outra como eu, sentir-me-ia agradecida por me tornar um luxo teu. Mas este campo outrora verde, cheio de cor vivida, é onde o Homem vai morrer, por não respeitar a vida.

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10 Devaneios

Diferente e bonito :)

30 de abril de 2009 às 03:01

Achei lindo.

30 de abril de 2009 às 08:56

Está lindo, o texto, mas a mim dói-me... :(

Huummm...
Acho que esta árvore precisa duma Fada!!! :p

É engraçado, o meu próximo "Crónicas da Floresta" vai abordar ligeiramente este tema, do ponto de vista da Fada... :)

É curiosa a facilidade que tens em abordar temas completamente distintos. Gosto. :)

Beijitos

30 de abril de 2009 às 10:53

Engraçado, por momentos senti-me transportada para «Na Floresta do alheamento».Acho que Fernando Pessoa gostaria de ter sido teu amigo :). Mas, as minhas palavras, valem o que valem...

30 de abril de 2009 às 11:15

Adorei! :) Cada palavrinha.

30 de abril de 2009 às 11:16

O comentário do anónimo foi apagado. Já percebi que não conhece a definição básica de respeito não digo por mim, mas pelas pessoas que participam neste blogue.

Mantenha todo o seu ódio no seu blogue onde poderá falar de mim sempre que o entender, não serei a eu a censurar e poderá comentar no meu blogue, onde dentro de determinados parâmetros críticos, o comentário será publicado.

30 de abril de 2009 às 11:45

Ritmo, ritmo, ritmo. Andaste a dançar neste texto. Ou melhor, andaram os ramos da árvore. Gostei muito! :)

30 de abril de 2009 às 12:40

O comentário do anónimo era tããããão absurdo que até eu o apagaria se pudesse... :D

E "cheirou-me" a óleo queimado... :p

Beijitos :)

30 de abril de 2009 às 12:54

Mas qual comentário de qual anónimo?

Porra eu chego sempre no fim de tudo pah!

Quanto ao texto...

Está diferente.

Mas como prosa poética, precisa de ser mais solta. Mais livre. Parece que está pensada. Dá-me uma sensação de contido. Dentro de limites que não tem razão de ser.

Continua, chegas lá.

E pronto agora podem espancar-me. Eu sou sempre do contra.

30 de abril de 2009 às 15:35

é curioso irmos "conhecendo" outras facetas daqueles que lemos, e sermos surpreendidos é sempre revigorante

30 de abril de 2009 às 23:46

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