A história que vos vou contar é caso para lamentar, a ser verdade que aconteceu.
Um rapaz meu amigo que antes de morto era vivo e depois de morto, morreu.
Teve um funeral anormal em vésperas de Natal no dia mais frio do inverno.
Em vida teve sorte mas o primeiro dia de morte foi um verdadeiro inferno.
Vestiram-lhe uma fardeta meteram-no numa carreta e levaram-no ao comprido,
Mas por uma rua por onde passou a carreta virou e o morto ficou ferido.
Triste cena se desenrola a família deu à sola eram gritos e mais gritos.
O caixão tinha voado e o morto tinha rachado a caixa dos pirolitos.
Seu cunhado sapateiro esse foi logo o primeiro a dar os pontos naturais,
Disse em tom enlutado: Tem paciência ó cunhado mas assim rachado, não vais!
A família lá se juntou e funeral continuou direitinho ao cemitério,
Mas numa curva perigosa numa tarde invernosa a carreta tombou a sério.
Desta vez foi o caixão que rachou e o morto se estatelou na estrada estendido.
A família não chocada parecia habituada e não fizeram alarido.
Chegados ao cemitério e pensando muito a sério o que mais aconteceria,
Um problema ao portão e com grande frustração a carreta não cabia.
Seu cunhado sapateiro sendo um homem muito inteiro e de grande conhecimento,
Analisou a situação e com grande prontidão decidiu o procedimento:
"Pega um de cada lado o morto é transportado e não tem nada que saber!"
Diz o morto desesperado: "Esperem aí um bocado não me façam mais sofrer!"
O coveiro que era maneta pega na pá e na picareta e vai abrir a sepultura.
O morto observava curioso o seu local de repouso de toda esta desventura.
Só com uma mão o coveiro deixa escapar o caixão que cai na cova desamparado,
E diz o morto todo contente: "Agora sim estou ausente desse mundo tresloucado!"
A história que vos contei talvez seja verdade não sei, deixo ao vosso critério,
Mas se os mortos falassem talvez a verdade encontrassem e de certo fugiriam do cemitério.
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on terça-feira, janeiro 4
at terça-feira, janeiro 04, 2011
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Contos de Bruno Fehr
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