Terra  

Posted by Bruno Fehr in

Perseguido por Kamaers, Tzallus e por todas as raças e impérios do universo conhecido, Azelmus Krest procura refugio em Taenaris, o sistema sagrado com um único planeta. Este planeta é um local de paz, um local seguro. É o único sistema que não tem guerra, não há armas e que toda a vida do universo se respeita como sagrada. Os seus habitantes Taenis, são eunucos de aparência feminina, capazes de com o seu toque aliviar qualquer dor, qualquer ferimento, curar qualquer doença física ou mental. Para viver em Taenaris as pessoas têm de prescindir de todas as suas posses, têm de prescindir do seu passado e aceitar a linha de pensamento Taenis, baseado no amor por todas as raças e renuncia à violência.

Mas nem em Taenaris, Azelmus obteve refugio, não por a cabeça de Azelmus estar a prémio, não por se recusar a prescindir do amor proibido por Gorty, mas sim por terem gerado um filho, meio Kamaer, meio Tzallu, um ser que nunca ninguém imaginou ser possível, um ser de um poder que nem os Taenis acreditavam poder controlar. Cameos Krest, uma criança de 3 meses, temida até por aqueles que eram vistos como Deuses.

“É um bebé, uma criança! Não percebem?”

Os Taenis não deram ouvidos e ordenaram que partisse.
Azelmus tinha ódio estampado na cara, expressão que fez com que todos os presentes, que habitam Taenaris virassem a cara, uma expressão de um sentimento que não existia naquele local.

Ao virar costas em direcção à sua gigantesca nave real, Azelmus é parado por Zorkan que lhe passou um pequeno transponder. Azelmus pega nele e segue o seu caminho.

Já na nave e ao sair da orbita de Taenaris, Azelmus liga o transponder e imediatamente vê-se na presença do sábio Zorkan, aquele que é o mais velho dos Taenis, aquele que dizem ter atingido o ponto máximo de iluminação, aquele que esteve certo dia às portas do penta-verso, o mítico local que poucos acreditam existir, onde quem entra atinge o conhecimento e poder totais para o bem ou para o mal, dependendo da sua essência. Mas isto por um preço, um preço que é desconhecido, pois ninguém que tentou entrar alguma vez saiu com vida. Zorkan esteve às portas do penta-verso e não entrou após ver todos os seus companheiros morrerem na tentativa de entrada. Zorkan sentiu-se iluminado só por ali estar, sentiu que aquele era o conhecimento máximo que o Penta-Verso lhe permitia e regressou.

Zorkan, deu a Azelmus as coordenadas de um campo de asteróides ainda dentro do sistema Taenaris, e por isso ninguém o poderia atacar lá, nem ninguém entraria lá com qualquer nave, mas a sua nave real Kamaer tinha a manobrabilidade necessária para atravessar esse campo de asteróides e a velocidade para evitar os danos da nuvem de gases nucleares que os acompanha. Zorkan garantiu que Azelmus encontraria lá a paz que procura.

Azelmus assim o fez. Com a destreza de um piloto Kamaer furou pelo campo de asteróides e chegou ao seu núcleo, a armadura da sua nave ficou intacta e lá, encontrou o paraíso. Aquilo que outrora foi um pequeno sistema solar, dominado por uma civilização que falhou, no seu centro um único sol com um único planeta de pequenas dimensões na sua orbita.

“Mas isto... isto...” gaguejava Azelmus ao aproximar-se do mais belo planeta que alguma vez tinha visto.

“Onde estamos?”, Perguntou Gorty fascinada, pela imensa quantidade de água e vegetação.

“Estamos no sistema solar humano... não percebo...”, dizia Anzelmus.

“Mas tudo isto não tinha sido destruído?"

“Sim, de acordo com os sábios, os humanos auto-destruíram-se numa guerra entre irmãos e uma tempestade nuclear destruiu todos os planetas do sistema, mas...”

“Mas está ainda aqui um”

“Sim a Terra, com a partida dos poucos humanos que sobreviveram à tempestade nuclear, o planeta recuperou”

“Como pode um planeta recuperar se são os habitantes que dão vida aos planetas?”

“Não aqui. Aqui o planeta é vida! Este planeta é uma forma de vida e não é comparável a nenhum dos milhões de planetas que conhecemos”

Gorty, tinha já ouvido falar do mítico planeta azul nas aulas de história galáctica e de como a raça humana destruiu tudo aquilo de que dependia. De como em lutas sem sentido entre vizinhos e irmãos por pedaços de terra que já eram seus, colocaram em causa a sua existência. Ela conhecia alguns humanos, que hoje vivem a centenas anos luz deste local, são os Wardacs. Uma raça guerreira mais fraca que os Kamaer e que os Tzallus, mas que usa da diplomacia como a sua mais forte arma, estratégias militares consideradas pouco honradas, abusando da noção de honra e do valor de palavra partilhado entre civilizações. Os Wardacs vivem hoje prisioneiros de si próprios, presos a equipamentos de suporte de vida, pois dependem de oxigénio, não tendo a capacidade de sobreviver sem ele.

A grande nave Kamaer atinge o solo. Fascinados com tudo o que os rodeia Azelmus e Gorty saem da nave, tocam a vegetação, assimilam o som de água a correr, sentem o vento na pele.

Um estrondo ecoa. Um som novo, que parecia a Azelmus ser uma pequena explosão de gás na sua nave. Gorty segundos depois, cai em seus braços. Azelmus pega nela chocado, ele não percebia o que se estava a passar, não percebia porque desfalecia Gorty. Nisto, vê seres bípedes cobertos por primitivas roupas com estranhos objectos metálicos na mão. Azelmus usa o seu desparticularizador, atingindo diversos desses seres, até que ele próprio cai. O motivo? Um projéctil de uma arma primitiva de fabrico humano, chamada de espingarda. Os seres bípedes eram humanos que de alguma forma ainda existiam neste planeta.

Azelmus e Gorty estavam mortos, Cameos Krest chorava dentro da nave e é encontrado pelos pequenos humanos que pareciam felizes pela chacina. A nave Kamaer não se auto-destruiu como seria de prever com a morte de Azelmus, a nave não estava ligada a ele, não era dele, a nave era sim de Cameos Krest.

Quando um dos humanos se preparava para matar Cameos, o pequeno bebé pára o seu choro e olha directamente para o humano que hesita. Essa hesitação foi o suficiente para que a sua mão criminosa fosse parada por um humano diferente, com menos pêlos, olhar mais doce, voz mais fina. Um elemento da outra espécie humana conhecida como mulher. Essa mulher pegou no pequeno Cameos e partiu com ele nos braços.

(excerto de Taenaris, por Bruno Fehr)

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2 Devaneios

Oh...

E eu já a pensar que Cameos era o "menino Jesus"!!! (Juro, não estou a gozar...)

Gostei.
Os Taenis não são assim "tão" evoluídos, afinal. Temem o mesmo que nós, humanos: o que não conseguimos controlar.

beijitos :)

15 de fevereiro de 2010 às 22:40

Li isto há não sei quanto tempo, e agora lembrei-me.

Gostei.

E quero mais!

;)

4 de março de 2010 às 13:16

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