Colaborador  

Posted by Bruno Fehr in

Quando criei este blogue e resolvi juntar um grupo de pessoas para aqui escreverem, nunca pensei que o blogue se tornasse naquilo que é hoje e sei que está apenas no inicio. Não é um blogue extremamente visível ou comentado nem nunca o pretendeu ser, mas é acompanhado por mais pessoas do que pensei ser possível para um espaço dedicado à escrita livre. Escrita essa que de texto para texto parece melhorar e muito.

Hoje seria dia de publicar a rubrica Cadáver Esquisito, a qual foi suspensa por tempo indeterminado, devido à indisponibilidade dos seus autores. Esta suspensão deixa uma data mensal em aberto o que nos permite receber mais uma pessoa neste grupo. Como só temos uma vaga, além de receber uma candidatura, seria positivo de forma a facilitar a selecção que apresentassem um projecto definido. Um tema, como cada um de nós tem. Não é essencial que tenham um blogue, mas se tiverem gostaríamos de o visitar.

No caso de alguém estar interessado a juntar-se a nós, contactem:
fehrbruno@googlemail.com

Prelúdio  

Posted by LBJ in


Estas ruas sufocam-me. Por aqui respira-se o ar fétido do desespero de quem nada tem a perder e de quem nunca conheceu mais do que a miséria, prostitutas e ladrões e assassinos e restos de carne humana que sobrou de todas as nossas guerras, estas ruas que se encaixam neste rio em forma de serpente sem cabeça, são como escamas que não brilham e deviam de envergonhar o Império, mas na realidade sei que elas são parte das veias que o fazem funcionar. Políticos e nobres procuram aqui nestas ruas os criminosos para os seus trabalhos sujos e as raparigas e os rapazes para satisfazer os seus vícios sórdidos. Estas ruas sentem-te a falta meu amigo, ficaram mais fluidas de podridão desde que desapareceste e eu também te sinto a falta, até do feitio e do arranhar no violino e dos cheiros estranhos que te envolviam e da soberba inconsciente e sobretudo do que nunca me foi elementar meu caro Holmes.

Serve-me o consolo de que me espera o mais bonito sorriso do mundo, um sorriso que também te devo meu amigo, faz dois anos que caíste e eu quero continuar a acreditar que alguém como tu é imortal, às vezes imagino-te provido de asas ou melhor com a capacidade de prever a sua necessidade e de as inventar e carregar bem escondidas nos ombros, debaixo da casaca prontas para serem soltas por um cordel e que foste ainda capaz na queda de as abrir e planar em segurança e que agora andas por ai, como um anjo negro à espera de uma grande razão para retornar. A minha doce Mary espera-me e hoje vou voltar a falar-lhe de ti, vou-lhe contar uma das nossas aventuras e sorrir com o brilho de antecipação que lhe vou ver nos olhos, sempre treme durante a narrativa com a expectativa do desenrolar da história e anseia saber como conseguiste desvendar tamanhos mistérios e castigar quem perpetrou aqueles horrendos crimes.

(rascunho do início do Caso de Mary Morsten quem sabe a publicar por aí…)

Acicate  

Posted by mf in

Sinto-te faminto
No olhar que lanças,
Crescente de desejo.

Ardes em fogo lento,
Ideando o meu cheiro,
A tessitura da minha pele.

Resvala minha mão,
Por meu deserto suave
Onde a tua queria estar.

Sorrio ao saber-te
Acirrado, agastado,
Domado por minha vontade.

Hoje sou dona de mim.
Não há língua, carícia,
Corpo estranho ao meu.

Tudo me provoco.
Tudo me pertence.
Tudo me permito.

Toda me dou.
Toda me sinto.
Toda me desfaço
Nos meus dedos.

Tempo  

Posted by Jane Doe in

[O tempo perguntou ao tempo]

Então Tempo, como te corre a vida? Muito trabalho? Quando tiras férias oh Tempo?

[Quanto tempo o tempo tem.]

Oh Tempo, tu tens tempo? E quanto? Precisava de um favorzinho teu, sabes,aqui a coisa anda negra, as engrenagens quase já não funcionam, enfim, toda uma desgraça!

[O tempo respondeu ao tempo]

A vida corre sempre igual, Tempo, e a tua? Suponho que seja o mesmo. Férias? Eu nunca tiro férias. Tu tiras férias, Tempo? Como é que consegues essa proeza?

[Que o tempo tem tanto tempo]

Eu tenho tempo. Todo o tempo do mundo. Eu sou o Tempo, mas que raio de pergunta é essa? Um favor? Epah, não sei, tudo depende da forma como sou preenchido... E tu sabes que isso não depende de mim. Sabes não sabes?

[quanto tempo o tempo tem.]

Mas agora pensando bem, Tempo, porque me fazes estas perguntas? Se eu sou tu e tu és eu? Perguntas-me se tenho tempo para te fazer um favorzinho.E tu? Tens tempo para me dizer que favor é esse? É que bem vistas as coisas Tempo, tu és eu e eu sou tu...


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