De doçura dolorosa
Sobem por meu corpo acima
Desvendando cada trilho
Franqueando cada trincheira
Sinto-te o desejo, a audácia, a procura
Em minhas pernas
Buscando garupa firme
Por galgar
Tua boca
Guiada por bússola invisível
Mergulha em seu pólo magnético
Torturando meu mundo
Invadindo minha coutada
Sinto-te o repto, o duelo, a mestria
Nas curvas esconsas
Desvendando segredos
Urdindo a capitulação
Tua pele
De suavidade suada
Une-se ardente à minha
Despertando o fogo
Entorpecendo os sentidos
Sinto-te a investida, o furor, a dureza
Em meu ventre
Acirrando o desejo
Por extinguir
Teus dentes
Incitados ao banquete
Devoram a maciez salgada
Provocando a súplica
Saciando a paixão
Sinto-te o toque, a ânsia, a firmeza
Na curva suave do peito
Ondulando ao sabor
Da tua vontade
Tua língua
Desejada em murmúrio
Marca minhas veias latejantes
Delimitando território
Assenhoreando-se de mim
Sinto-te o domínio, o ardor, o prazer
Na cerviz inclinada
Fervilhando ao toque
Da tua dança
Tuas mãos
De vontade maciça
Estiram meus cabelos
Expondo minha face nua
Descobrindo meu acordar
Sinto-te o deslumbre, a reverência, o espanto
Nos corpos em doce aconchego
Deixando nascer em silêncio
O mais sentido abraço
Teus olhos
De ternura infinita
Contemplam meu mundo
Conquistando meu sossego
Devastando meu coração
Sinto-te a paz, o carinho, o encanto
Nas mãos que se entrelaçam
Deixando sentir o prenúncio
De amor imenso e devasso.