Caetano chegou sem cumprimentar. Foi direto pra cozinha, o jantar era servido ate as 19h30. Se alimentou, e assumiu seu posto, lugar onde ficaria ate as próximas 5 horas. Em pé, na portaria, observou o céu que escurecia rapidamente e comentou:
- Tomara que não chova.
Foram então suas primeiras palavras, depois do aceno com a cabeça. Caetano trabalhava como segurança em um pequeno restaurante burguês no centro da cidade. Não demorou muito e os primeiros pingos de chuva começaram a cair naquele inicio de noite, que marcava o primeiro dia de trabalho como recepcionista da menina branca.
Caetano ajeitou o paletó, e tirou de um canto um enorme guarda-chuvas. A chuva caia sobre a grama calmamente lavando as rosas que pareciam tristes naquele dia de finados. O movimento no restaurante era calmo, entretanto sempre saindo e chegando pessoas. Logo, os serviços de Caetano eram necessários, um casal se aproximava. Com seu guarda-chuva Caetano os protegia dos pingos que caiam do céu.
Caetano olhou pro céu com uma certa tristeza, enquanto assoava seu nariz resfriado resmungava do trabalho noturno em dias chuvosos.
Mal sabia ele que uma tempestade viria, e que ele, na chuva, receberia vários clientes.
Tantas idas e vindas, levando e trazendo clientes, deixaram Caetano encharcado, em seu rosto percebia sua fúria contida. Caetano se encostou na parede, em pé, tirou um dos sapatos e apertou sua meia completamente molhada. Olhou pra menina branca, e disse:
- Queria tanto que um trabalho só, fosse suficiente pra cuidar de minha família.