O canto da floresta
Estou sozinha neste campo, à minha volta devastação. Não nasci para estar sozinha, fui entregue à solidão. Minhas irmãs foram levadas, para longe de mim. Eu fui aqui deixada, e não me quero sentir assim. Não percebo por que o fazem, porque matam sem razão. Não entendo como não ouvem, os meus gritos quando grito: Não!
Eu sou árvore mas sou vida, não um pedaço de madeira. Não nasci para estar sozinha. Sozinha a vida inteira. Quando o vento sopra forte, eu começo a dançar. Não, eu não sou feliz, será que ouves o meu chorar?
Eu nasci na floresta, não fui para aqui fui trazida. O que será que fiz de mal, para me sentir tão perdida. Sim, eu sei que não fui mudada, fui simplesmente esquecida. A minha família assassinada, a minha raiz ferida.
Numa noite de luar, cantei uma ode ao vento. Pedi-lhe para me derrubar, acabar com meu sofrimento. Ele chorou em meus ramos, dizendo não o poder fazer. Será que o Homem não percebe, que ao cortar-nos está a morrer? Estou sozinha neste mundo, sem ninguém no horizonte. Invento histórias sem sentido, por não ter quem me as conte.
O ser humano é inteligente, detém todo o poder. Sabe melhor que ninguém, o que é amar, o que é sofrer.
Eu sei que eles também choram, quando o seu mundo parece terminar. Não sei por que ignoram, que ao cortar-nos estão a matar. Eu sei bem que de mim precisam e não me importo de ajudar, mas eu olho à minha volta e não vejo nada para o meu lugar.
Se eu fosse substituída, por uma outra como eu, sentir-me-ia agradecida por me tornar um luxo teu. Mas este campo outrora verde, cheio de cor vivida, é onde o Homem vai morrer, por não respeitar a vida.