Lar
No frio estendes a mão
e atrais-me a ti
enquanto os olhares se cruzam,
áscuas candentes
em grito mudo de anseio.
Tudo é lento, tudo é paz
de início de brasido
que pressentes quente
na lareira do meu corpo.
Em minha pele acendalha
tua língua começa a lavrar
acendendo rastilho ardente.
Sobes em fogo vivo,
teus dedos tição em brasa
ateando a acha do meu corpo.
Sentes-me a dureza do lenho,
em pira disposto
à espera da incandescência.
Há fogo em torvelinho
enquanto as bocas se incendeiam
e deslizo abrasado e febril
por teu campo em labaredas.
Rasgo-te em delírio de incêndio
rugindo em cada crepitar,
duas línguas de fogo
faíscam na noite em fúria
e consomem-se em calor de fornalha.