Hoje decidi.
Não me apaixonar por ti.
Não me deixar inebriar pelo doce aroma da tua pele junto da minha, que é apenas consequência do meu desejo, da minha fome de corpo, de sexo, de vida.
Hoje decidi.
Não me enamorar de ti.
Erguer muros onde a energia do teu abraço, onde o teu peito abandonado junto do meu, onde a osmose dos nossos seres um no outro constroem vias rápidas direito ao centro de mim.
Mas esbarrarão contra o meu não-querer!
Hoje decidi.
Que não te permitirei cavalgares-me livremente o sonho, aninhares-te em lembrança no meu ventre, adoçar-te o ser com devaneios de doida.
Porque nem sei sequer se sabes em que lugar do corpo te mora o coração.
Se conheces os atalhos em ti que te levam ao sítio onde o sentir é Rei, e a tua vontade se dobra perante o avassalar da onda, o inevitável mareio que é amar.
Onde deixas de saber quem és, porque te percebes tu e o outro num só e separados, no chão, sem limites visíveis. Em união e entrega.
Mas tu desconheces o abismo, temes a certeza da vertigem.
Porque desconheces, meu querido, como é delicioso saborear este passeio.
Por isso, hoje decidi.